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A busca pela paz

Fechadas as urnas, o Brasil precisará muito de uma trégua

Por Murillo de Aragão 13 ago 2022, 08h00

Já disse aqui, em coluna anterior, que a guerra é para os covardes e a paz para os corajosos. O Brasil e os brasileiros devem ter a coragem de buscar a paz política. A guerra política que hoje vivemos se expressa tanto por ações institucionais quanto por narrativas anti-institucionais, trazendo intranquilidade para o processo de construção de nossa democracia.

As origens dessa guerra política podem ser identificadas em vários eventos ocorridos nas últimas décadas: mensalão; protestos de 2013, Operação Lava-Jato, desmonte do presidencialismo de coalizão, impeachment da presidente Dilma Rousseff, investigações no governo Michel Temer, prisão do ex-presidente Lula, ativismo judiciário, judicialização da política, entre outros vetores.

Em muitos momentos houve excessos punitivos. Em outros, leniência em atuar de forma efetiva para evitar desvios e ilícitos. Houve, ainda, complacência com interpretações duvidosas do direito em favor da torcida do momento. Certa época torcia-se para que o furor punitivo do Supremo Tribunal Federal fosse a fogueira que nos purgaria de nossos males. Outras vezes, as esperanças estavam no vigor da primeira instância.

“Ao país e ao seu povo não interessa o estado de permanente guerra ideológica e institucional que estamos vivendo há tempos”

Os conflitos foram ampliados pela inclusão de novos campos de batalha no Judiciário, nas redes sociais e nos movimentos de renovação na política. E ainda por certa omissão das elites em não arbitrar limites nem denunciar excessos. Ao mesmo tempo, outros dois fenômenos foram identificados como consequências: o desmonte do capitalismo de laços e o encolhimento do centro ideológico do país, permitindo a predominância de narrativas radicalizadas, identificadas com a polarização.

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O desmonte do capitalismo que era amparado na corrupção foi um avanço, mas deixou um vácuo de poder privado que precisa ser preenchido pelas forças produtivas da sociedade de forma clara, assertiva, honesta e transparente. O encolhimento do centro ideológico enfraqueceu o necessário espaço de amortecimento para conter os radicais. Tem nos faltado juízo para pacificar o país.

Ao país e ao seu povo não interessa o estado de permanente guerra ideológica e institucional que estamos vivendo há tempos. Tampouco interessa apontar o dedo para os culpados, já que são muitos e estão espalhados em várias instituições públicas e privadas. Gastaríamos muito tempo em nominar aqueles que pecaram contra a nossa democracia por ação e omissão. Importa mais olhar os caminhos que podemos seguir.

Países em guerra devem buscar a paz. O caminho da paz é a negociação e o entendimento. As eleições gerais dão ao Brasil a oportunidade de trilhar o caminho da paz. Não é um caminho fácil já que importa em se posicionar em favor do entendimento. Seja quem vencer as eleições. Idealmente, a solução seguiria um protocolo. Primeiro, deve se buscar um armistício que resulte de um cessar-fogo entre os polos em conflito. Em seguida, deve se estabelecer um entendimento com base na Constituição e na democracia em favor do enfrentamento de nossos desafios. O povo tem pressa e os políticos nem tanto. É preciso zerar o jogo, pacificar o país e tocar adiante, rumo ao futuro.

Publicado em VEJA de 17 de agosto de 2022, edição nº 2802

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