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Trump leva golpe fatal ou vai faturar como vítima de justiça politizada?

A Suprema Corte que vai decidir se o ex-presidente pode participar da eleição de 2024, mas para seus seguidores já está fechado: é um mártir

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 9 Maio 2024, 18h21 - Publicado em 21 dez 2023, 06h56
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  • Aplausos enlouquecidos receberam Donald Trump quando ele entrou no estádio, no último sábado, para assistir momentos dramáticos do campeonato do UFC. Para ajudar, Kid Rock estava juntinho dele, enquanto tocava ao fundo um de seus sucessos, American Bad Ass.

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    O título da música não poderia ser mais adequado e até premonitório. Trump é realmente o valentão americano, numa tradução publicável, e nunca as apostas foram tão altas como depois da decisão do tribunal superior do estado do Colorado desqualificando o ex-presidente de constar da eleição primária de 5 de março próximo, tornando-o na prática inelegível.

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    Trump foi enquadrado num artigo nunca antes usado da Constituição americana, criado especificamente para proibir o acesso a cargos de políticos e funcionários públicos que haviam abraçado a causa separatista do Sul dos Estados Unidos, redundando na Guerra Civil americana (1861-1865). Como perderam, os secessionistas foram, com razão, acusados de insurreição contra a União.

    A acusação sem precedentes contra Trump é de que apoiou uma insurreição ao incitar os distúrbios de 6 de janeiro de 2021. Obviamente, existe toda uma corrente de opinião pública americana que nem aceita que tenha havido realmente uma insurreição, apenas distúrbios que levaram uma multidão a invadir a sede do Congresso e se comportar muito mal, ou até criminosamente, mas sem armas e outros atributos das rebeliões contra as autoridades constituídas.

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    Caso escandaloso

    O paralelos com o Brasil são evidentes, embora Trump tenha ido muito mais além do que Jair Bolsonaro quando falou diretamente à multidão em Washington para protestar contra a diplomação de Joe Biden (“Pacificamente”, segundo suas palavras, no que pode ser um advérbio de modo e de salvação jurídica).

    Irá a Suprema Corte acatar o apelo dos advogados de Trump – é praticamente impossível que não o faça – e se tornar a instância final de uma importância poucas vezes vista na história do país?

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    Irão os juízes conservadores, que são maioria, confirmar sua tendência ou, como clamam muitos democratas, manter a tradicional posição originalista – vale o que está escrito na Constituição, não interpretações criativas?

    “Temos consciência da magnitude e do peso das decisões diante de nós”, afirmaram os quatro juízes que resolveram desqualificar Trump, contra três votos vencidos. “Também temos consciência de nosso dever solene de aplicar a lei sem medo nem favorecimento, sem sermos afetados pela reação pública às decisões que a lei exige que tomemos”.

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    Belas palavras, mas ensombrecidas pela “reação pública” que vê na decisão um caso escandaloso de politização da justiça, de lawfare, na expressão que acabou ficando conhecida no Brasil, com sinais trocados.

    Verniz democrático

    Não é preciso ter simpatia por Trump para desconfiar que seus adeptos podem estar certos ou, no mínimo, parecerem certos. A quantidade de processos contra o ex-presidente, alguns sem fundamentos sólidos, indica, nessa interpretação, que os adversários políticos dele querem ganhar no tapetão, instrumentalizando a justiça com objetivos políticos – uma dolorosa característica de países terceiro-mundistas que têm apenas um verniz democrático, não da grande e inspiradora república americana.

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    As montanhas de processos não têm impedido que Trump suba nas pesquisas, ajudado também pelo governo muito mal avaliado de Joe Biden. Embora a maioria da mídia, com simpatias democratas, insista que os americanos não estão entendendo direito os feitos econômicos do governo, os cidadãos tendem a discordar disso. Segundo a mais recente pesquisa, da Universidade de Manmouth, Biden está no fundo do poço. Apenas 34% dos americanos aprovam seu governo. Na média das pesquisas, Trump avançou para 47% das preferências, contra 44% para Biden.

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    Muitos democratas não deixam de ter razão em se exasperar. Por exemplo, 53% dos americanos acham que Biden decepciona em matéria de criação empregos – quando na realidade o índice de desemprego é de apenas 3,7%. A inflação também é baixa, de 3,1%, mas 68% dos americanos desaprovam o governo nessa questão.

    Rebelde perseguido

    Talvez a imagem cada vez mais alquebrada de Biden, com episódios que evocam declínio cognitivo, influencie na avaliação do presidente, que está com 81 anos. Trump tem 77, mas se projeta como “bad ass”, o valentão sem medo de comprar brigas e vai subindo nas pesquisas. O New York Times constatou, com consternação, que até entre o eleitorado jovem Trump tem agora vantagem de 49%, contra 43% de Biden.

    Tirar um candidato em alta só confirmaria as suspeitas de parte do eleitorado de que o “sistema” faz tudo para sabotar Trump – suspeitas ancoradas em fatos bem reais, como a armação, agora desacreditada, de uma tramoia com a Rússia em 2016 e o grande esforço feito por sustentáculos do establishment para desqualificar, em 2020, o caso das informações comprometedoras encontradas no computador do filho-problema Hunter Biden.

    Não é de estranhar que Trump continue a ter a aura de candidato antissistema, de rebelde perseguido. A imagem pode ter sido estremecida – 54% dos americanos apoia a decisão do tribunal superior do Colorado, um índice muito perigoso para Trump. Mas está nas mãos da Suprema Corte decidir se ele ele ainda continua a faturar com a imagem de perseguido, capaz de crescer quanto mais apanha, ou se vai ser expulso do octógono.

    O fim de Trump já foi proclamado tantas vezes que a prudência aconselha a separar o que é desejo, manifestado com veemência pelos antitrumpistas, do que é realidade. “Trump agora tem mais probabilidade de derrotar Biden”, afirmou o pesquisador Frank Lutz. Seria um chute circular antológico.

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