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Teriam sido mortos quase todos os reféns israelenses feitos pelo Hamas?

Grupo terrorista estaria fingindo negociar com Israel para soltar quarenta reféns, mas pode ser que nem estejam mais vivos

Por Vilma Gryzinski 12 abr 2024, 06h29

Pelas contas de Israel, 97 reféns estavam vivos e mais 36 tinham morrido – os corpos também valem como moeda de troca. As complexas negociações de cessar-fogo, incluindo Catar e Egito como intermediários, envolviam, numa primeira etapa, a libertação de quarenta reféns, dos quais as catorze mulheres ainda no cativeiro, idosos e doentes. Os demais homens, civis ou militares, ficariam para outra etapa.

Mas tudo parece ter sido negociado de má fé. Fontes americanas que falaram com a CNN, o Wall Street Journal e o Washington Post coincidiram na mesma direção: informações provenientes do Hamas indicam que o grupo terrorista não tem sequer uma lista com quarenta nomes para apresentar.

“Fontes israelenses e americanas calculam, em particular, que o número de mortes pode ser muito maior”, diz a reportagem do Journal.

As fontes da CNN traçaram o seguinte quadro: “O Hamas indicou aos mediadores internacionais, que incluem Catar e Egito, que não tem quarenta reféns vivos” para fazer a primeira troca por palestinos condenados por atos de terrorismo presos em Israel.

Não é impossível que alguns reféns tenham sido mortos nos bombardeios israelenses e outros vitimados por maus tratos, em especial por causa de ferimentos sofridos quando capturados. Hersh Goldberg-Polin, por exemplo, teve metade do braço arrancada por uma granada. Ele estava na rave de música eletrônica atacada em 7 de outubro e foi filmado sendo levado para Gaza, com o grave ferimento.

Alguns reféns feridos foram tratados em hospitais dominados pelo Hamas e a Jihad Islâmica, sofrendo operações sem anestesia. Era um sinal de que o Hamas tinha interesse em mantê-los vivos, como moeda de troca. Isso pode ter mudado.

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“EU SOU MAU”

Também corria outra especulação: o Hamas não libertaria as jovens ainda cativas para que não revelassem os abusos sexuais a quem foram submetidas.

O precedente criado por Amit Soussana dá algumas pistas. Ela foi libertada na troca ocorrida em novembro, com mais cem pessoas. Em março, deu um longo depoimento ao New York Times contando como foi obrigada por seu carcereiro, debaixo do murros e com uma arma apontada para a cabeça, a praticar um ato sexual (“Eu sou mau, sou mau, não conte para Israel o que fiz”, lamentou o homem que ela chamava de Mohammad depois do abuso). Ela também foi espancada por outros carcereiros durante uma hora numa espécie de pau de arara improvisado, entre duas poltronas.

Outras reféns libertadas encontraram em diferentes lugares dos cativeiros jovens que contaram ter sofrido abusos múltiplos. Algumas pediram até que isso não fosse contado, para poupar as famílias.

Uma parte dos parentes de reféns se uniu aos manifestantes que protestam contra o governo de Benjamin Netanyahu e culpam o primeiro-ministro por não ter negociado logo a libertação deles. É uma acusação errada, embora perfeitamente compreensível diante do horror de pensar o que é ter uma filha ou irmã no cativeiro em Gaza.

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As negociações sobre os reféns continuam, mas sem motivos conhecidos para otimismo. A morte dos três filhos e quatro netos de Ismail Hanyeh, líder da ala política que vive no conforto luxuoso do Catar, não ajuda o processo. E, acima de tudo, Israel vive um clima de altíssima tensão pelas ameaças do Irã de retaliar pelo assassinato de seu mais importante representante militar na Síria e no Líbano.

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Se o Irã mandar, o Hamas obedece e interrompe qualquer tipo de negociação. E o interesse do Irã no momento é tumultuar o processo. Uma retaliação iraniana, direta ou indireta, levaria Israel a um outro patamar de conflito, obscurecendo até uma causa tão importante para todo o país como a salvação das vítimas capturadas há seis meses.

As declarações em off sobre o destino dos reféns podem ser uma forma de preparar a opinião pública para más notícias. Da mesma forma, está sendo disseminada pela imprensa americana uma onda de informações sobre a iminência de um ataque iraniano. Joe Biden, que tem lamentavelmente deixado a questão dos reféns de lado, usou duas vezes a palavra “inquebrantável” para definir o compromisso dos Estados Unidos com a segurança de Israel.

Se o Irã atacar, Israel vai retaliar a retaliação, conduzindo ao “momento mais perigoso do Oriente Médio desde 1973”, quando houve a Guerra do Yom Kippur, na definição de Marco Rubio, vice-presidente da Comissão de Inteligência do Senado americano, posição em que recebe relatórios secretos dos serviços de inteligência.

O jogo vai ficando muito mais pesado – e os reféns vão perdendo o protagonismo. Uma realidade terrível da dinâmica que passou a vigorar, inexoravelmente, desde o ataque de 7 de outubro do Hamas.

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