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Setentões são uma brasa, mora?

Candidatos à Casa Branca: idade é avançada e ambição também

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 31 jan 2020, 10h15 - Publicado em 31 jan 2020, 06h00

Muitos americanos gostariam de ter um presidente normal. Alguém que não passasse as manhãs postando coisas que serão desmentidas em poucos segundos, não deixasse o país com o coração na boca só de pensar em acordar e imaginar “o que ele fez agora”, não começasse o ano pulverizando um general iraniano e enfrentando um julgamento no Senado. Mais americanos ainda gostariam de ter um presidente jovem, idealmente na faixa dos 40. Muito provavelmente não terão nem uma coisa nem outra. Quando forem às urnas no dia 3 de novembro, o candidato republicano, Donald Trump, terá 74 anos. Dos democratas mais cotados, Bernie Sanders, que disparou nas preferências na fase das primárias, empatará em idade com Roberto Carlos: 79 anos. Joe Biden, o candidato que mais dá sinais da marcha inexorável do tempo, com disparates e falhas de memória, estará com 77. Elizabeth Warren, apesar de ter a melhor forma da turma, além de saltitar o tempo todo para passar uma imagem de energia juvenil, inaugurará a década dos 70.

“ ‘Não sou jovem o bastante para saber tudo’, ironizaria Oscar Wilde, o rei das frases provocantes”

A excepcional concentração de septuagenários abre uma pergunta a que ninguém pode responder em todos os seus aspectos, mas todo mundo tem um palpite a dar: quanto pesa a idade de um governante? “Não sou jovem o bastante para saber tudo”, ironizaria Oscar Wilde, o rei das frases provocantes. A combinação ideal seria uma pessoa suficientemente madura para entender que a juventude é um defeito que passa com o tempo, mas com estoques de energia para enfrentar os pepinos intermináveis. A ciência vive indubitavelmente de cé­rebros jovens. Albert Einstein tinha 26 anos quando publicou a Teoria da Relatividade Restrita, em 1905, um garoto, com­para­do ao gênio que superou, Isaac Newton, que escreveu Princípios Matemáticos da Filosofia Natural aos 44. A história política é mais diversa. Alexandre, o Grande, já tinha conquistado o império que ia até os limites do mundo conhecido aos 29 anos. Como seu professor particular foi Aristóteles, transformou seu insignificante reino da Macedônia no maior disseminador da cultura helênica e dizia coisas como “Vence o medo e vencerás a morte”, ficou difícil superá-lo nos últimos 2 300 anos. Alguns séculos antes, Licurgo havia criado em Esparta o sistema de governo em que 28 gerontes, ou homens com mais de 60 anos, legis­lavam em conjunto com os dois reis espartanos. Eventualmente, para aumen­tar a confusão, o Oráculo de Delfos era consultado. As profecias atuais são feitas pelas pesquisas de opinião. As pitonisas mostram que Bernie Sanders passou à frente de Joe Biden nas primárias de Iowa e New Hampshire. Ele se beneficia da imagem de candidato contra o sistema, exatamente a mesma que elegeu Donald Trump, só que pela esquerda. Com Trump sob impeachment, esquartejado diariamente no julgamento do Senado, já é concebível que seja o primeiro presidente a perder uma reeleição com a economia forte. E deixou de ser absurdo imaginar um stalinista de 79 anos, do tipo que leva uma estrela vermelha cravada no coração, na Casa Branca.

Vai faltar pipoca para acompanhar a batalha dos septuagenários. Ou, para os mais acostumados à linguagem crua dos filmes em que agentes veteranos se reúnem para uma derradeira missão impossível, a guerra da turma da próstata.

Publicado em VEJA de 5 de fevereiro de 2020, edição nº 2672

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