Ela vai emagrecer ainda mais? Vai passar mal? Vai perder a linda cabeleira? Impossível não fazer estas perguntas diante do anúncio de que Kate, a princesa de Gales e destinada a ser rainha consorte, está com um câncer não determinado.
Kate operou em 16 de janeiro e começou a quimioterapia no fim de fevereiro, um indício de que a cirurgia foi grande, embora os protocolos de tratamento de câncer nem sempre sejam unânimes. O período relativamente longo entre a cirurgia e o início do tratamento preventivo – palavra usada por ela, indicando que não foram encontrados sinais de disseminação das células cancerígenas – pode significar que foi uma intervenção de grande porte, exigindo um tempo maior de recuperação para começar um tratamento pesado como a químio.
Ovário, útero e todos os outros órgãos incluídos na categoria “cirurgia abdominal” deixam um espaço grande para as especulações.
Pois a consternação provocada pelo comunicado da princesa não acaba com a onda simplesmente alucinada de boatos que seu afastamento das atividades públicas provocou. O mundo das redes sociais pode ser impiedoso e nem a palavra “câncer” diminui as boatarias.
Viver no meio delas é um dos preços que a fama e o privilégio de ser um membro da família real mais conhecida do mundo cobram.
Ainda mais numa situação em que nem os mais enlouquecidos roteiristas da série The Crown se atreveriam a escrever: o rei Charles e sua nora estão com câncer ao mesmo tempo e os anúncios de seus problemas de saúde foram feitos com pouco mais de uma hora de diferença, em 17 de janeiro.
É possível que tenha se passado mais de um mês entre a cirurgia e a constatação de que Kate estava com câncer, como agora está sendo alegado para a súbita ausência, em 27 de fevereiro, de William num compromisso importante, em memória do rei Constantino da Grécia, cuja morte completava um ano?
Muitas lacunas ainda estão esperando por explicações. Querer entender melhor o estado tanto de Charles quanto de Kate não significa entrar na onda das especulações alucinadas. Eles são personalidades globais e, para muitos britânicos, figuras importantíssimas. Charles é acompanhado pelo país desde que nasceu. Kate, há vinte anos, quando começou a namorar William, na faculdade.
A sombra ainda pesada da morte da mãe dele, Diana, cria um pano de fundo para tragédias sobre as quais a opinião pública não pode deixar de cogitar.
O formidável espetáculo proporcionado pela realeza britânica entrou numa fase jamais vista com a doença simultânea do rei e sua nora. Pobres roteiristas de The Crown, devem estar se sentindo completamente sobrepujados pela realidade.