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Perdido na Síria: Putin está entre os líderes que terão um infeliz Natal

De Teerã a Moscou, de Paris a Berlim, o balanço de final de ano é negativo para muitos governantes de países importantes

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 16 dez 2024, 07h53 - Publicado em 16 dez 2024, 07h47

Imaginem ser um líder todo poderoso e ver um pedaço do mundo que construiu desabar em poucos dias. É esse o sentimento que amarga o fim de ano (ocidental, na Rússia ortodoxa o calendário é outro) de Vladimir Putin.

Só não é pior do que a amargura no Irã, cuja “perda” se estende a todo o xadrez estratégico que tinha armado na região: aliados xiitas ou correlatos, indo do Iraque, passando pela Síria e chegando ao Líbano e, mais ao sul, o Iêmen. Num exemplo da esperteza do regime dos aiatolás, eles haviam se reconciliado com os fundamentalistas sunitas do Hamas e bancado o terrível ataque de 7 de outubro contra Israel. O Irã estava por cima.

O eixo de alianças desabou, com a liderança do Hezbollah decapitada no Líbano e agora sem acesso à linha de suprimentos bélicos enviados via Síria.

Infeliz ano novo em Teerã, da mesma forma que Moscou também levou uma lambada daquelas e agora negocia uma autorização para continuar com duas bases estratégicas, uma naval e outra aérea, com os rebeldes que estava bombardeando apenas duas semanas atrás. Nada é impossível no Oriente Médio, uma região habituada às mais estranhas alianças.

GOLPE NO EGO

Muitos especialistas, tão surpreendidos pelos acontecimentos na Síria quanto todos os serviços de inteligência mundiais, unidos pelo fiasco sírio, discutem o que aconteceu para o regime de Bashar Al-Assad derreter em apenas treze dias, depois de sobreviver a treze anos de guerra civil, sustentado por aliados fortes como o Irã e a Rússia, além do Hezbollah entrando com a mão de obra através de milhares de combatentes.

Alguns acham que o desastre começou a ser gestado quando o Grupo Wagner partiu para a dissidência, com um desafio direto a Putin, o que levou seu fundador, Evgueni Prigojin, a ser pulverizado por uma bomba colocada em seu avião particular.

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Na opinião desses especialistas, os mercenários, com seus métodos tão ou mais hediondos quanto os dos fundamentalistas islâmicos, conseguiam manter um controle sobre a Síria que começou a se dissolver assim que foram desarticulados.

É uma ironia que o conflito diretamente responsável pela rebelião dos mercenários do Wagner tenha sido o da Ucrânia – na Síria, estavam razoavelmente satisfeitos com a porcentagem da produção dos poços de petróleo que tomavam como botim de guerra e usavam o país como porta de acesso a outras atividades lucrativas na África. Prigojin achava que os comandantes russos estavam fazendo tudo errado na Ucrânia e liderou a rebelião para que fossem trocados.

Putin ficou sem o Wagner e sem a Síria, um golpe no ego e nos planos geopolíticos. Perdeu também um pedaço da província de Kursk, inesperadamente tomado por forças ucranianas, um lance de ousadia que pode acabar, mas revelou novas vulnerabilidades russas. Em outra ironia, sua maior esperança de entrar bem em 2025 é se entender com Donald Trump para um acordo cruel em que se safe com os ganhos territoriais na Ucrânia, já consolidados, na maioria, no campo de batalha.

INFERNO ASTRAL

Trump, obviamente, começa 2025 com vitórias estonteantes: sobreviveu a processos na justiça agora desativados, escapou de duas tentativas de assassinato e ganhou nas urnas o mandato para uma série de mudanças. Teve até o gostinho de ganhar um processo por difamação contra o apresentador Georges Stephanopoulos – 15 milhõezinhos de dólares. Além de comandar a maior potência da história, é também o líder de um país democrático em melhor posição no mundo, pela vitória política e condições econômicas positivas – com exceção da Índia de Narendra Modi, que tem um paradigma próprio.

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A China, cuja mudança de paradigma dominou as últimas três décadas, não está num momento particularmente brilhante.

A Europa Ocidental, unida aos Estados Unidos pelo mesmo bioma político, apesar de especificidades diferentes, vive um inferno astral total, com os líderes dos três principais países, Olaf Sholtz da Alemanha, Keir Starmer do Reino Unido e Emmanuel Macron da França, desprestigiados, com políticas fracas ou impopulares e até a possibilidade de que seus governos sejam abreviados.

É um fracasso que mostra uma espécie de esgotamento de grandes economias que pareciam ter resolvido tudo, com democracias inabaláveis e o estado de bem-estar social consolidado.

RIVAIS EMPATADOS

Outro líder de um país que parecia resolvido é o sul-coreano Yoon Sul Yeol. Depois de tentar uma espécie de autogolpe, decretando o estado de exceção. Depois de uma primeira tentativa que não foi aprovada, a Assembleia Nacional aprovou a abertura de um processo de impeachment contra ele. Deputados de seu próprio partido votaram a favor, o que não prevê um 2025 tranquilo para o presidente afastado cuja atitude permanece inexplicada, considerando-se que não tinha apoio político nem militar para implantar o estado de guerra – nem nenhuma crise nacional que o justificasse, excetuando-se a da sua própria impopularidade.

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E se popularidade define o clima nas festas de fim de ano, os dois grandes rivais ideológicos da América do Sul estão empatados. Javier Milei sobreviveu a um ano em que muitos apostavam a que não chegaria ao fim como presidente da Argentina. E sobreviveu bem, considerando-se a extensão do sacrifício prometido e cumprido, com 53% de popularidade. Lula da Silva tem 52%.

Será 2025 o ano do tira teima sobre qual modelo consegue melhorar mais a vida dos respectivos cidadãos? Um intervencionista gastador e um antiestatista cortador?

Milei virou celebridade internacional espontânea nos círculos liberais, enquanto Lula mal apareceu, com uma mensagem desgastada e repetitiva, remetendo a uma era em que discursos sobre a fome tinham ar de novidade. Tudo, obviamente, pode mudar e a Argentina é campeã em matéria de guinadas dramáticas. Garantia de um 2025 emocionante.

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