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Pai e irmãos ataram e afogaram jovem que não queria usar o véu

A morte de Ryan Al Najjar aconteceu na Holanda, um dos lugares mais civilizados do mundo - mas não imune à barbárie do fundamentalismo

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 4 dez 2025, 09h28 - Publicado em 4 dez 2025, 07h06

Dá vontade de desistir da raça humana quando vemos como Ryan Al Najar, de apenas 18 anos, foi conduzida por 120 quilômetros pelo pai, Khaled, e os irmãos, Muhammad e Muhanad, todos vindos da Síria para a Holanda como refugiados, até um pântano de águas rasas onde encontraria seu pavoroso destino final.

Lá, ela foi amordaçada e enrolada em 24 metros de fita adesiva. Com pés e mão e atados, ela estava viva quando foi jogada no lodaçal, com um peso preso ao corpo, porque a autópsia encontrou água e lama em seus pulmões.

O chamado “crime de honra”, uma prática hedionda reservada a mulheres de famílias muçulmanas radicais que desafiam as regras de comportamento exigidas pelos que seguem os preceitos mais estritos, aconteceu de 27 para 28 de maio de 2024.

Khaled Al Najjar fugiu para a Síria, de onde dá declarações assumindo ser o único autor do crime, na tentativa de livrar os filhos, atualmente sendo julgados. O advogado de defesa alega que os irmãos se sentiam intimidados pelo “comportamento tirânico” do pai.

É inacreditável que isso tenha acontecido num dos países mais liberais do mundo, mas onde ondas de imigrantes vindos de países muçulmanos trazem hábitos que até na era medieval provocariam espanto.

MUNDO TRIBAL

Em contato com essa sociedade tão diferente do ambiente familiar, Ryan quais assumir um “estilo de vida ocidental”. Tinha um namorado holandês e não queria mais usar o véu na cabeça, chamado em árabe de hijab. Em vez de discussões em torno da mesa, seu espírito de independência a levou a ser assassinada pela própria família, com apoio da mãe.

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Sociedades muito rígidas e fechadas em tornos de princípios religiosos geram abominações do tipo. Como nos países ocidentais vigora o princípio de que cada um vive como quer, contanto que não haja lei contra, existem os defensores da “liberdade de escolha” para as mulheres muçulmanas.

Se quiserem, usam o hijab, ou suas alternativas mais severas – o niqab, um pano negro envolvendo todo o rosto, com apenas uma fresta para os olhos, e a cobertura completa, a burka, que emanou do mundo tribal do Afeganistão para outros pontos do Islã.

Se não quiserem, adotam hábitos ocidentais e estamos conversados.

PROSTITUTAS EUROPEIAS

Obviamente, as coisas não são tão simples. A pressão familiar e social faz com que jovens, envolvidas pelo véu desde que entram na puberdade ou até antes, se sintam obrigadas a cobrir a cabeça na rua ou diante de homens que não são da família. Não existe nada de livre escolha.

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Khadija Khan, jornalista de origem paquistanesa radicada na Inglaterra, fez um relato recente de sua própria experiência. As mulheres que não se cobrem por inteiro são consideradas sexualmente imorais e trazem vergonha para a família – daí o ato extremo do “crime de honra”.

“Quando eu era criança no Paquistão, ouvi inúmeras vezes que as mulheres brancas da Europa eram essencialmente prostitutas por não se vestirem com modéstia”, descreveu ela.

Khadijah e a irmã não quiseram usar a cobertura e a mãe ficou do lado delas. Passou a ser espancada pelo marido e ficar sem dinheiro até para as compras de casa.

Esse tipo de mentalidade, denunciou Khadija, abriu caminho para os incontáveis casos de adolescentes inglesas aliciadas e abusadas em escala inimaginável por gangues de homens paquistaneses e de outros países muçulmanos, sob complacência das autoridades que não queriam encrencas “comunitárias”. Khadija também atribui casos recentes de estupros cometidos por asilados em cidades britânicas ao mesmo tipo de pensamento: se as mulheres não se cobrem da cabeça aos pés, estão disponíveis para ser usadas sexualmente por qualquer um.

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O debate sobre o uso do hijab é permanente. Na França, é proibido em escolas e instituições públicas. Seu uso é interpretado como uma declaração de ódio aos princípios franceses ou uma forma de oprimir jovens que não podem se insurgir. Bélgica, Suíça, Áustria e Dinamarca proíbem a cobertura total do rosto, bem como em países africanos como Camarões, Chade e Tunísia.

FUNDO DO PÂNTANO

Há países muçulmanos com restrições ao uso do hijab, como Casaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Usbequistão, todos da Ásia Central e com regimes ameaçados por movimentos islamistas. Na China, nem pensar em deixar que muçulmanas andem pela rua com o rosto coberto.

As leis modernizantes do príncipe herdeiro Mohammad Bin Salman relaxaram um pouco os costumes num dos países mais rígidos do mundo, a Arábia Saudita. No Irã, que é xiita e governado por um regime teocrático, o uso do véu e de um casaco longo sobre a roupa é obrigatório. A morte da jovem Mahsa Amini, agredida pela polícia da moralidade por deixar uma mecha de cabelo aparecer sob o chador, como o véu é chamado em farsi, foi um divisor de águas – embora a onda de protesto desencadeada não tenha tido força suficiente para derrubar os fundamentalistas.

É um choque ver o rosto jovem e cheio de vida de mulheres como Mahsa Amini e Ryan Al Nakkar, cujas vidas nem chegam a florescer para a idade adulta. Gostavam de se maquiar e de sair bem arrumadas, como qualquer garota. Ryan, em muitos sentidos, encarna as garotas que se apresentam de forma tão parecida com a dela.

Há homens muçulmanos bem intencionados que defendem o uso do véu e roupas compridas como forma de defender as mulheres do desejo sexual masculino incontrolado. As sociedades ocidentais optaram pelo uso do código penal como fator de coibição de abusos e as jovens muçulmanas que vivem sob a proteção da lei deveriam ter o direito real de escolher como querem viver, sem acabar no fundo da lama de um pântano escuro, na avançadíssima Holanda, pela mão da própria família.

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