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Ordem de despejo: Harry e Meghan não terão mais casa na Inglaterra

Por decisão do rei Charles, o quase nada utilizado chalé onde mantinham a base britânica vai para o príncipe Andrew, que perde seu palacete

Por Vilma Gryzinski 2 mar 2023, 07h48

Charles está arrumando a casa para deixar tudo pronto para a coroação, em 6 de maio próximo. Ou melhor, as casas.

Com o intuito de reduzir custos e botar na geladeira integrantes da família real que escorregaram feio (Andrew, pela amizade estapafúrdia com o explorador sexual Jeffrey Epstein) ou se voltaram contra os próprios parentes (Harry e Meghan, em entrevistas, série da Netflix, autobiografia), o rei bateu o cetro na mesa.

O filho caçula e a nora perdem o Frogmore Cottage, uma casa comparativamente modesta, mas na melhor localização do planeta, na imensa área privada do castelo de Windsor. Eles reformaram a casa inteiramente, mas a ocuparam por pouco tempo até romperem com tudo e irem morar na Califórnia. Através de um jornalista amigo, Harry e Meghan se declararam “estupefatos” com o despejo.

Instalados numa mansão americana fake que imita o fausto verdadeiro das propriedades reais, Harry e Meghan perdem mais em termos de prestígio do que em vantagem imobiliária.

O maior perdedor é Andrew, obrigado a deixar um palacete de verdade chamado Royal Lodge, também em Windsor, com trinta cômodos e o fausto que sua avó, Elizabeth, a rainha mãe, cultivava com o maior gosto – ao contrário da filha, a nada ostentadora rainha reinante falecida no ano passado.

Num arranjo estranho — mas quem pode opinar sobre a vida conjugal dos outros? —, a ex-mulher de Andrew, Sarah, que manteve o título de duquesa de York, mora numa ala separada do palacete.

Não vai ter espaço para ela na nova casa, apesar dos cinco quartos. As filhas, Beatrice e Eugenie, casadas com homens ricos, já compraram um apartamento de 2,5 milhões de libras numa área chique de Londres para acomodar a mãe.

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Harry e Meghan ressarciram os cofres públicos pelo valor da reforma — 2,4 milhões de libras — no Frogmore Cottage, uma quantia provavelmente saída da mesada que o pai dava ao filho problema quando era príncipe de Gales, o herdeiro à espera da coroa. O chalé tinha sido cedido por liberalidade da rainha para acomodar o neto.

Como em qualquer família plebeia, existe uma competição entre membros da realeza em torno das propriedades que ocupam. Harry ressaltou na sua autobiografia que o sobradinho de apenas dois quartos em que Meghan foi morar com ele numa área residencial do Palácio de Kensington deixou a apresentadora Oprah Winfrey de queixo caído pela ausência de fausto. Em compensação, William, o irmão que ele caluniou no livro, ocupava com Kate um palacete luxuoso.

Segundo fontes do escritor Tom Quinn, um especialista em família real, Meghan ficou “tremendamente decepcionada” quando descobriu que Harry não tinha uma fortuna de centenas de milhões de libras, como imaginava. Harry reclamou a Oprah que o pai o “cortou financeiramente” quando largou os deveres reais e foi ganhar dinheiro nos Estados Unidos. 

Antes dos contratos lucrativos para livro, série etc, ele tinha o dinheiro herdado da mãe — cerca de 20 milhões de libras —, mais sete milhões deixados pela bisavó Elizabeth. Para os mortais comuns, é uma quantia tremenda — mais de 100 milhões de reais —, mas nem de longe suficiente para sustentar jatinhos, mansões e outros luxos dos muito ricos, como Meghan supostamente achava que iria ter.

Charles está cortando os membros afastados da família por um motivo simples: quer ficar bem junto à opinião pública entre a qual o irmão Andrew está no inferno astral permanente e Harry perdeu a estima da qual sempre desfrutou.

Gastar menos de um lado ajuda a justificar grandes despesas de outro, sendo a maior delas a das festividades da coroação. Embora pretenda fazer uma cerimônia “inclusiva” — a palavra grudenta dos politicamente corretos — e menos faustosa do que foi a coroação da mãe, que ele assistiu aos quatro anos, não há como disfarçar carruagens, coroas, mantos, cetros e outros elementos inerentes ao ritual máximo da monarquia.

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Até a sempre cuidadosa Camilla, ciente de que muita gente não esqueceu que foi a adúltera que infernizou Diana, está se sentindo à vontade para ostentar. Mandou trocar algumas das pedras da coroa da rainha Mary, que ela vai usar na cerimônia, por parte da coleção particular dos diamantes extraídos do Cullinan, originalmente um gigante de 3 106 quilates. Em termos de precedentes, ela está até sendo modesta: é a primeira rainha consorte desde o século XVIII que não vai encomendar uma coroa nova para usar na cerimônia.

Camilla também já mandou espalhar que seus cinco netos vão segurar o dossel sob o qual ela será ungida com uma mistura de óleos perfumados feitos de flor de laranjeira, rosas, jasmim, canela e alternativas sintéticas de produtos animais como a glândula do almíscar usada como fixador de fragrâncias.

A unção do rei e da rainha remete a cerimônias bíblicas — Samuel ungiu Saul como o primeiro rei de Israel — e parece tão absurdamente anacrônica que só mesmo a monarquia inglesa para manter a tradição. O dossel é usado para “ocultar” o momento de alto simbolismo religioso.

A presença dos netos adolescentes de Camilla, para os quais Charles é um “vodrasto” muito próximo, atiça obviamente as especulações sobre o comparecimento e o papel do filho caçula do rei. Harry e Meghan serão convidados? Se o forem, irão? E onde ficarão caso já estejam sem-teto na Inglaterra?

É esta mistura de tradições de mais de mil anos, que nem as outras monarquias seguem mais, com intrigas que acontecem em qualquer família comum que mantém a curiosidade sobre a realeza — e garante a sua sobrevivência. Enquanto parecerem relevantes e encantarem a plebe com cerimônias de alta sofisticação que enchem a nação de orgulho — fora as fofocas, que todo mundo adora —, estão garantidos.

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