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O que é verdade? Mais do que nunca, Trump embola resposta

Conversa com o presidente da Ucrânia pode ter leituras opostas, o problema é que processo de impeachment começa com uma coisa e acaba em outra

Por Vilma Gryzinski 25 set 2019, 19h45

Advogados sabem perfeitamente que não existe resposta à primeira pergunta.

Jornalistas sérios tentam chegar a alguma coisa que se pareça mais convincentemente com ela.

Políticos fazem gato e sapato do próprio conceito.

Quando Bill Clinton estava mais enrolado do que Donald Trump no momento, com processo de impeachment aberto por prestar falso testemunho sobre seu caso extraconjugal com a estagiária Monica Lewinsky, deu uma resposta antológica sobre a fluidez da verdade.

Foi perguntado a ele se era verdadeira a declaração apresentada por seu advogado nos seguintes termos: “É absolutamente certo que não existe sexo de nenhum tipo, forma ou maneira” entre o presidente o a estagiária.

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Respondeu Clinton: “Depende de qual é o significado da palavra é.”

Ele se referia aos tempos verbais, mas é claro que entrou para a histórias das respostas escorregadias.

Só para lembrar: o processo de impeachment foi aberto porque Clinton havia patentemente mentido num processo de abuso sexual aberto por Paula Jones, uma funcionária pública do Arkansas, o estado natal do presidente. Monica entrou depois na história.

É claro que o processo, que acabou rejeitado no Senado, foi aberto porque os republicanos, na oposição, tinham maioria na Câmara.

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O oposto do que acontece agora com Donald Trump.

Originalmente, as investigações sobre Bill Clinton começaram por causa de uns negócios imobiliários suspeitos.

Da mesma forma, o gatilho do processo de impeachment de Richard Nixon, que renunciou quando o inevitável ficou claro, foi a prisão de uns sujeitos estranhos que estavam tentando instalar um grampo na sede do comitê democrata.

O nível de abuso de poder de Nixon, revelado por aliados e gravações bombásticas, estarreceu o país, inclusive congressistas republicanos.

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A conclusão é conhecida: investigações e processos de impeachment começam de um jeito e acabam escavando coisas da fazer tremer a Casa Branca.

É exatamente essa a tática do Partido Democrata. Donald Trump, famosamente, esconde o jogo e briga até hoje na justiça para que suas declarações de imposto de renda não venham a público.

Obviamente, se tivessem ilegalidades, já estariam expostas. Mas manobras legítimas para pagar menos, multas e outros percalços podem pegar mal para a opinião pública.

Imaginem agora, com seis comissões investigando o presidente, com o poder de intimar depoimentos e entrega de documentos, cujo sigilo duraria uns três segundos.

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É por isso que as leituras completamente diferentes da conversa de Trump com Volodymyr Zelensky, o presidente da Ucrânia, o gatilho do processo, têm importância relativa.

Para Trump e aliados, mostram que o presidente conversou civilizadamente com um líder estrangeiro.

No meio da conversa, sugeriu que fossem investigadas duas coisas: a origem exata da invasão dos servidores do comitê do Partido Democrata e a atuação de Joe Biden e seu filho, Hunter, no mar de corrupção da Ucrânia, com tentáculos envolvendo americanos bem pagos.

A conversa foi revelada num programa sigiloso destinado a funcionários públicos que acreditam ter presenciado irregularidades graves.

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O autor da denúncia está para aparecer a qualquer momento. Vai ser um espetáculo. Mas já se sabe que ele não leu diretamente a transcrição do telefonema de Trump.

Para a oposição, obviamente, Trump cometeu um crime gravíssimo de abuso de poder, e ainda por cima com um interlocutor estrangeiro.

Nas palavras de Adam Schiff, o mais pró-impeachment dos deputados democratas, agiu como um chefão da Máfia ao “pedir um favor”, ou seja, dar um aperto numa parte mais fraca para comprometer um adversário político.

Até certo ponto, as duas leituras são possíveis. O próprio ato interpretativo é uma ilusão e até o exageradíssimo Nietzsche tinha boas razões para se ocupar disso.

Por enquanto, 37% dos americanos apoiam o impeachment de Trump – não muito diferente de antes do caso Ucrânia.

Os democratas estão inspiradíssimos, na certeza de que é só puxar uma pena e virão infindáveis galinheiros.

Correm também o risco de forçar demais a mão e reforçar a narrativa de caça às bruxas na qual Trump conseguiu, quase que inacreditavelmente, se livrar de todas as armadilhas até agora.

“Aquele que luta com monstros deve tomar cuidado para não tornar-se um monstro também”, dizia o bigodudo alemão.

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