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O país de Rihanna se afasta do Reino Unido e fica mais perto da China

Barbados é mais uma pequena joia na coroa mundial que o Império do Centro está montando no Caribe e em todos os continentes

Por Vilma Gryzinski 1 dez 2021, 07h35

Um país que começa uma nova fase com três mulheres no centro do palco só pode despertar simpatias. Principalmente se elas forem uma primeira-ministra chamada Mia Amor, uma presidente eleita que também tem o título de Dama do Império Britânico e a terceira, Rihanna, a cantora e empresária homenageada como heroína nacional, que usou na cerimônia um colante vestido cor de bronze e visivelmente nada por baixo, embora tenha se tornado bilionária vendendo roupas íntimas.

Para não dar o braço a torcer, a família real britânica mandou o príncipe Charles à cerimônia em que a pequena ilha caribenha se tornou uma república, mas manteve os laços com a Commonwealth, a comunidade de 53 ex-colônias que se tornaram independentes, mas em quinze das quais a rainha Elizabeth continua como chefe de Estado.

Se nem a rainha, com todo seu prestígio, conseguiu preservar Barbados na coroa, imaginem o que acontecerá quando Charles for rei, pensaram alguns céticos.

A nova e pequena república de apenas 430 quilômetros quadrados (todos rodeados pelo mar azul turquesa que é um imã para turistas, tanto os que vão a passeio e quanto os que só mandam o dinheiro estacionar em condições fiscalmente paradisíacas) escolheu mudar de sistema político em plebiscito e, pronto, está decidido.

Mas a cerimônia de adeus à antiga matriz imperial marca também uma aproximação com outro império, simultaneamente mais antigo e mais novo – o chinês.

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Enquanto o Reino Unido refluía e os Estados Unidos deixavam de prestar atenção em um de seus mais belos quintais, a China está puxando países caribenhos para sua esfera de influência. Barbados, entre outras ilhas, já assinou a entrada na Belt and Road Iniciative, o cinturão de obras de infraestrutura e transportes com o qual está expandindo extraordinariamente o poder macio, ou soft.

A moeda corrente dessa expansão é dinheiro mesmo: investimentos privados ou empréstimos em condições amigáveis para grandes obras, muitas vezes executadas inteiramente por construtoras chinesas. Desde 2005, sete bilhões de dólares em dinheiro chinês já pousaram no Caribe, incluindo 490 milhões para Barbados, 600 milhões para Cuba, 1,9 bilhão para Trinidad e Tobago e 2,7 bilhões para a Jamaica.

Estádios, pontes, aeroportos e redes renovadas de eletricidade e comunicações, fora acordos comerciais, atestam o poder do dinheiro que vem da China. É, fundamentalmente, como os Estados Unidos costumavam agir. Com uma diferença importante: a partir dos anos oitenta, o Congresso americano passou a exigir cláusulas em favor da democracia e dos direitos humanos, nem sempre respeitadas pelos parceiros, mas que pelo menos apontavam para o caminho certo.

Às vezes, o troca-troca é evidente. Granada, outra pequena joia caribenha, foi presenteada com um estádio de críquete – o esporte regional, por influência dos ingleses – quando rompeu relações com Taiwan. O pacote para a República Dominicana, por atitude semelhante, foi de três bilhões de dólares.

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Falando ao Daily Mail, Chris Benett, diretor do Conselho do Caribe, traçou o seguinte panorama: “Ao longo dos últimos quinze anos, a China adquiriu sistematicamente o controle de bens estratégicos para seus interesses comerciais na região”.

“Controla agora dois dos maiores portos de containers, grandes extensões de terra na Jamaica, na Guiana e em Suriname, múltiplos blocos de gás e petróleo e depósitos em larga escala de bauxita e ouro”.

O tempo perdido vai ficando cada vez mais claro para os Estados Unidos. O Pentágono está correndo para reaparelhar bases aéreas em Guam e na Austrália, o teatro de operações onde a disputa por espaço e poder é mais explosiva.

A última “descoberta” é que o novo e secreto sistema de mísseis hipersônicos da China é capaz de permanecer no espaço, um avanço que mudar completamente o panorama estratégico mundial.

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A influência chinesa em lugares como Barbados parece uma pecinha minúscula diante disso. Mas cada peça conta no xadrez chinês.

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