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O ataque com drones ao Kremlin: “A Ucrânia tem que ser destruída”

Esse é o grito de guerra da linha dura na Rússia depois de explosões na área residencial do palácio onde Putin poderia estar

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 3 Maio 2023, 20h01 - Publicado em 3 Maio 2023, 10h53

“Ato terrorista”, espernearam os russos, que invadiram um país vizinho, praticaram múltiplas atrocidades e falharam em várias tentativas de assassinar Volodymyr Zelensky, mas agora reclamam quando a guerra chega até seu território.

O que não quer dizer que não seja muito arriscada a nova tática ucraniana. Os Estados Unidos conseguiram impedir ataques planejados contra Vladimir Putin, com base na capacidade superior de retaliação dos russos, inclusive, teoricamente, com armas nucleares táticas.

É essa capacidade que a linha dura — que obviamente só se manifesta porque Putin deixa — invocou depois do ataque com drones que produziu cenas inacreditáveis bem no coração do poder, o teoricamente inexpugnável Kremlin.

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Um dos mais conhecidos porta-vozes dessa linha dura, o blogueiro militar Igor Girkin, resumiu o recado: “A Ucrânia tem que ser destruída”. Sua equivalente na estrutura de propaganda estatal, Margarita Simonian, diretora do canal Russia Today, disse que está na hora de “começar para valer” a invasão.

A invocação ao uso de armas nucleares e outras ameaças existenciais já se tornou tão habitual que está perdendo um pouco o impacto. 

A Ucrânia, obviamente, tem interesse em minimizar o poder dessas ameaças, pois, se as ouvisse, nem sequer teria se defendido diante de um invasor muito mais poderoso.

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Os ataques em território russo, ou que os russos consideram seu, fazem parte de uma nova etapa da guerra, com uma contraofensiva em que a Ucrânia arriscará tudo: se fracassar, teria que ir enfraquecida para negociações que interessam, acima de tudo, ao inimigo — e a seus aliados que querem se passar por vultos do pacifismo.

O mais espetacular foi no último sábado, contra depósitos de combustível da base naval de Sebastopol, na Crimeia. A base tem uma importância vital para a Rússia por poder funcionar o ano todo em razão da temperatura mais amena do mar. Sem ela, o país ficaria com as frotas encalhadas durante o inverno. Mesmo depois da independência da Ucrânia, a base continuou a funcionar, com um acordo feito entre as partes. A conquista da península, em 2014, colocou-a firmemente sob o controle russo.

O ataque ao Kremlin tem um enorme impacto propagandístico, mas dificilmente a inteligência ucraniana ignoraria o fato de que Putin mora e trabalha num palacete em Novo Ogariovo, onde ele passou a ficar mais tempo durante a pandemia. O Kremlin é mais usado para recepções oficiais e outras cerimônias em que Putin quer impressionar visitantes com o esplendor imperial do complexo de palácios.

A Ucrânia tem espalhado constantemente informações sobre a contraofensiva da primavera, como tática para desestabilizar o inimigo e mantê-lo em constante alerta — algo parecido com o que a China faz com Taiwan.

Os ataques com drones em território russo aumentam a sensação de insegurança, mesmo que tenham sido até agora apenas episódicos. Têm que ser usados com cautela para não dar um argumento a Putin para uma nova convocação geral de cidadãos comuns para lutar na frente, o que aumentaria a superioridade russa em homens e material bélico.

Os russos estão cavando trincheiras em seu próprio território, além das extensas linhas defensivas em território ucraniano ocupado, tão grandes que podem ser vistas em imagens de satélite.

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A nova fase da guerra pode acontecer sem que se defina o domínio sobre Bakhmut, a cidade onde a vitória russa é constantemente anunciada, mesmo sem ser verdadeira. Segundo o governo americano, nos últimos cinco meses de combates nessa região os russos sofreram espantosos 20 mil mortos, num total de 100 mil baixas. A Ucrânia também tem perdas enormes.

Os mortos russos são esmagadoramente do Grupo Wagner, formado por ex-militares e criminosos que trocaram a cadeia por seis meses de combate na Ucrânia.

O treinamento tosco, com os ex-prisioneiros sendo usados em massa como bucha de canhão, dificultou os planos russos de ganhar controle total sobre o Donbas, a região que foi oficialmente declarada parte da Rússia.

Mandar drones para explodir sobre as cúpulas do Kremlin é um ato de audácia que não muda essencialmente a natureza da guerra. 

Mas certamente tira o sono de muita gente.

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