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Mundialista

Por Vilma Gryzinski
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Kate não perdeu o cabelo, não emagreceu quinze quilos e aliviou ambiente

A mágica da monarquia: ressurgimento da princesa desmentiu especulações e trouxe algo de distração de uma campanha política desanimadora

Por Vilma Gryzinski 17 jun 2024, 08h24

Durante 173 dias, os monarquistas mais ardorosos – e até aqueles que apenas torcem por uma mulher de 42 anos e três filhos que padece de câncer – esperaram. Outros alimentaram a máquina do conspiracionismo: Kate estava muito mal com a quimioterapia, havia perdido quinze quilos e não apareceria em público porque não tinha mais a famosa cabeleireira castanha.

Qual seu verdadeiro estado, em termos médicos, ainda continua desconhecido. Publicamente, ninguém sabe onde teve câncer, qual o tipo e em que estagiamento se encontrava. Ela só mencionou os “dias bons” e os “dias ruins” do tratamento quimioterápico adjuvante que começou em fevereiro e vai durar o ano todo – fazendo supor, pela duração, que enfrentou um tumor dos bravos na região do abdômen.

“Estou aprendendo a ser paciente, especialmente com a incerteza”, dizia a nota surpreendente pela autenticidade que precedeu seu reaparecimento em público, para o “desfile dos pavilhões”, a cerimônia militar de comemoração do aniversário do monarca que é realizada desde 1748 – cinco anos depois que o último rei britânico comandou pessoalmente uma batalha, a de Dettingen, na Alemanha (tecnicamente, o rei George II ganhou dos franceses, ou escapou por pouco).

Todas as certezas sem dúvida desmoronam para quem entra no mundo do câncer e é quase inacreditável que das quatro principais figuras da monarquia britânica, duas, Kate e o sogro Charles, estejam passando por isso.

CAMPEÃ DE POPULARIDADE

Nada estranhamente, o câncer está fazendo bem à monarquia, em termos de imagem: o prestígio de Kate e Charles subiu, com uma indubitável influência da solidariedade com o pedaço difícil que estão enfrentando. A jovem plebeia que era ironizada por aristocratas esnobes por ser de uma família de classe média (em termos sociais; economicamente, seus pais são milionários) é hoje a figura mais popular da monarquia e muito de seu aumento de prestígio deriva dela.

Uma pesquisa Ipsos feita em maio mostra a princesa de Gales, seu título como mulher do herdeiro do trono, com 69% de opiniões favoráveis, contra 10% de desfavoráveis. O marido William empata em aprovação, com os mesmos 69%, e tem 13% de narizes torcidos. Charles tem 56% de opiniões positivas e até Camilla, rejeitada durante muitos anos como a ladra de maridos que fez Diana sofrer tanto, chegou a 43% pela atitude estóica e profissional durante o período que cobriu a ausência do marido, também fazendo químio e também com um câncer em local não revelado (só se sabe que não é de próstata).

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No conjunto, a família real tem 56% de aprovação (Harry, Meghan e Andrew estão no fim da fila) . Num dos resultados mais curiosos, 41% acham que a monarquia continua a fazer sentido numa democracia moderna e deve ser mantida, e 19% acham que não faz sentido, mas deve continuar mesmo assim.

É uma das manifestações contraditórias que uma monarquia de quase mil anos provoca por representar a continuidade histórica da nação e de seu povo, mesmo quando seus integrantes deixam muito a desejar ou aquele show de cavalos e chapéus parece coisa do passado.

Nos séculos mais recentes, com o desenvolvimento orgânico da democracia, a monarquia também representa um espaço não contaminado pelo dia a dia da política, nem sempre o espetáculo mais edificante.

OLHAR AMOROSO

Ver Kate reaparecer, linda, bem vestida e cercada pelos três filhos, mesmo que com um levíssimo traço de abatimento, lembra a muita gente que a família real vai continuar, enquanto figuras como o atual primeiro-ministro, o infausto Rishi Sunak, logo passarão e o mesmo acontecerá com seu substituto, Keir Starmer.

A campanha para a eleição de 4 de julho não desperta grandes entusiasmos, inclusive pela certeza unânime, mostrada pelas pesquisas, de que o Partido Trabalhista vai massacrar os conservadores nas urnas – a pesquisa mais recente dá 46% a 21%.

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É uma surra histórica e pode ficar pior ainda para os tories se o partido de direita populista, de Nigel Farage, conseguir empurrar os rivais do espectro conservador para um humilhante terceiro lugar. Já apareceu uma pesquisa mostrando isso.

“Agora, eles vão brigar entre eles”, prognosticou Farage, feliz da vida, abrindo seu sorriso de “dentes britânicos” – desalinhados e escurecidos por uma vida inteira de chá.

Com seus sorrisos perfeitos, Kate e William criam um espaço de alívio. O olhar amoroso que trocaram na famosa sacada do Palácio de Buckingham comoveu corações monarquistas. Até alguns não monarquistas ficaram um pouquinho emocionados diante de um casal jovem que evidentemente se ama e enfrenta um teste de tragédia grega, com o país inteiro imaginando o que aconteceria se a mão cruel do destino impedisse que os britânicos tivessem a rainha que gostariam.

Já aconteceu uma vez, com Diana.

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