Johnny Depp, a ex, o bilionário, sexo a três e outras baixarias
Embriagado pela fama, entre outras substâncias perigosas, ator abre um processo contra jornal inglês por calúnia e coloca a si mesmo num buraco sem fundo
O maior risco para um ator é ficar preso num personagem muito marcante. Johnny Depp bem que poderia aproveitar algo da esperteza de Jack Sparrow, o Pirata do Caribe do qual não consegue se livrar e com o qual não consegue aprender nada.
Disposto a preservar sua honra, depois de ter sido chamado de “espancador de mulheres”, ele abriu um processo contra o tabloide inglês The Sun e o diretor de redação.
O processo já se transformou num espetáculo mais deprimente ainda do que o divórcio com Amber Heard, expondo intimidades vexaminosas.
ASSINE VEJA
Clique e AssineTenha sido por ingenuidade ou falta de conhecimento de como se desdobraria o julgamento do caso, o ator se compromete cada vez que responde uma das perguntas cheias de malícia jurídica da advogada do Sun.
Mesmo que eventualmente venha a ganhar, terá perdido o que restava da sua imagem de rebelde desafiador, sempre perdoado pelos abusos por causa do talento, da beleza e da capacidade de desafiar padrões, de acordo com a longa tradição dos “malditos” do cinema.
Em vez disso, está passando por um senhor de 57 anos afundado pelo vício, autodestrutivo e obcecado por mostrar que a linda e loiríssima Amber é uma “manipuladora sociopata”.
Talvez tenha razão em alguma medida, pela quantidade de evidências que Amber acumulou durante o breve casamento, registrando em fotos e gravações sinais de agressão em seu próprio corpo, o marido desmaiado do lado da cama, uma mesa lotada de bebidas e fileiras de cocaína, além dos uivos durante uma briga que lembram “um animal ferido no qual não me reconheço”, segundo as palavras do ator.
Entre outras atitudes vexaminosas estimuladas por sua equipe de advogados, Johnny Depp disse que Amber o traiu com o ator James Franco e com o multibilionário Elon Musk.
No caso de Musk, alega, rolou um ménage a trois com a modelo Cara Dellevingne, bissexual como Amber.
Ou seja, Elon Musk, que tem seus próprios problemas de imagem, sai como o felizardo que realizou uma frequente fantasia masculina com duas das mulheres mais bonitas do mundo.
Johnny Depp sai como o marido traído.
Além de bêbado, drogado, descontrolado, capaz de desmaiar no chão do banheiro do avião particular e mandar emails irreproduzíveis, pela fantasia de violência contra a própria mulher, envolvendo morte e estupro.
Ah, sim, Musk diz que só começou a namorar Amber um mês depois que ela entrou com o pedido de divórcio, mostrando marcas de agressão.
Na época, ator negou enfaticamente, como agora, no tribunal inglês perante o qual declarou que foi criado “como um cavalheiro sulista” que nunca, jamais levantaria a mão contra uma mulher.
O divórcio prometia abrir um buraco sem fundo, mas terminou em acordo, com uma declaração conjunta de respeito mútuo, justamente o que mais faltou durante o casamento que se transformou num círculo vicioso de brigas violentas.
Amber doou os sete milhões de dólares que recebeu no acordo para um hospital infantil e a divisão contra a violência doméstica de uma conhecida e esquerdista organização, a Associação Americana pelos Direitos Civis.
Em outra intimidade quase impublicável trazida à tona agora, Depp diz que a ex-mulher depositou dejetos intestinais na cama do casal e depois disse que era “uma brincadeira inocente”.
Famosos e a imprensa de celebridades que busca furos, não a que só reproduz “notícias” oferecidas pelas assessorias, têm sempre uma relação tensa.
Tendo sonhado a vida toda em se tornar famosos, quando chegam lá os artistas descobrem que a falta de privacidade é um preço a pagar, muitas vezes insuportável.
Abrir voluntariamente a própria intimidade em processos por calúnia ou invasão de privacidade tem que ser considerado com cabeça fria e advogados de confiança que expliquem as consequências.
Meghan Markle, a mulher do príncipe Harry que afastou os dois da família real, está passando por uma experiência similar.
Abriu um processo por invasão de privacidade contra a edição dominical do Daily Mail por ter publicado uma carta que ela enviou ao pai, Thomas Markle.
É claro que o jornal só teve acesso à carta porque o pai mostrou a correspondência escrita com a letra de caligrafa profissional da filha.
Sabe-se lá com que interesses, embora o seu comportamento dê pistas: ele quase arruinou o espetáculo global do casamento da própria filha ao se deixar fotografar, como se não soubesse de nada.
Geralmente, estas armações envolvem dinheiro.
A farsa foi exposta e Meghan teve que ser acompanhada na igreja pelo sogro, o príncipe Charles, enquanto o pai simulava um ataque cardíaco.
Agora, a duquesa corre o risco de ter que revelar, por causa do processo, as identidades das cinco amigas que falaram à revista People para exaltar a bondade e outras qualidades dela, num perfil do tipo açucarado.
Quem acredita em contos de fada pode concordar com a versão de Meghan, de quem as cinco amigas falaram por iniciativa própria e ela não sabia de jeito nenhum que fariam isso.
No processo, Meghan alega que sua saúde mental foi afetada por causa da publicação da carta quando estava grávida.
Ela diz também que se sentiu “desprotegida pela instituição e proibida de se defender”.
Instituição, no caso, é o palácio, como é chamado o coletivo de funcionários graduados da família real.
Com a imagem do casal arruinada pela decisão de largar tudo e ir ganhar dinheiro nos Estados Unidos, não é um bom momento para revirar a própria vida numa corte de justiça e enfrentar advogados de defesa que tentarão mostrar como ela própria tentava manipular a imprensa a seu favor.
“Eu não sou um monstro”, disse Johnny Depp durante o julgamento de seu caso, contestando a versão da ex-mulher que o comparava ao clássico Doutor Jeckill e Mr. Hyde, o lado monstruoso que o médico tentava destruir com um soro na obra de Robert Louis Stevenson.
O soro, os soros, tomado por Depp faz o oposto. Torna seu Mr. Hyde mais poderoso.
Por que abrir esse poço sem fundo num julgamento público? Possivelmente por acreditar na justiça da própria causa.
Diria o capitão Jack Sparrow:
“Sou desonesto e você sempre pode confiar que os desonestos serão desonestos. É nos honestos que você tem que ficar de olho porque nunca poderá saber quando farão alguma coisa incrivelmente estúpida”.