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Israel: governo de crise dividido por dilema dos reféns em poder do Hamas

Esta sempre foi a questão mais difícil e agora afloram divergências internas entre continuar a guerra ou parar em troca da libertação das vítimas

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 8 Maio 2024, 16h52 - Publicado em 16 jan 2024, 07h46

“Precisamos parar de mentir para nós mesmos, mostrar coragem e trabalhar por um amplo acordo que traga os reféns de volta. O tempo deles está acabando e cada dia que passa aumenta seu risco de vida”.

A reprodução das palavras de Gadi Eisenkot, que participa do governo de crise como um dos principais representantes do partido União Nacional, de oposição a Benjamin Netanyahu, mostra que a forte declaração feita numa reunião de gabinete foi vazada para mostrar que o racha interno é grande e, agora, explícito.

Eisenkot tem uma espécie de “imunidade”, perdeu um filho e um sobrinho, um imediatamente depois do outro, na guerra em Gaza.

Assumiu a mesma posição o líder do União Nacional, Benny Gantz. Tanto ele quanto Eisenkot foram chefes do estado-maior das forças armadas, a posição mais alta. Não podem ser acusados de leniência. Os dois atenderam ao apelo de Netanyahu de integrar um governo de emergência justamente por achar que todas as forças do país precisavam se unir para erradicar o Hamas em Gaza, a todo custo.

O “custo” significava implicitamente que alguns reféns acabariam sacrificados, não poderiam ser todos salvos.

Mas o fato é que, com uma única exceção, ninguém foi resgatado até agora. Tragicamente, três reféns que haviam conseguido fugir foram mortos pelas próprias forças israelenses.

VITÓRIA PARA O HAMAS

Compreensivelmente, as famílias dos reféns defendem que qualquer acordo – soltar todos os prisioneiros palestinos, parar a guerra – tem prioridade sobre o preço altíssimo que Israel pagaria, em termos de segurança e de restauração da imagem de invulnerabilidade, da qual depende para a própria sobrevivência, se interrompesse a guerra num estágio ainda bem distante da erradicação do Hamas.

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Desde a semana passada, circula uma proposta vinda do Catar, o principal intermediário entre as partes beligerantes, estabelecendo que haveria uma paralisação progressiva dos ataques israelenses, os líderes do Hamas refugiados na rede de túneis sairiam para o exílio e os reféns seria libertados em fases.

Imaginem a vitória que seria para o Hamas um Yahya Sinwar e outros figurões terroristas sendo recebidos como heróis no Catar ou na Turquia.

Netanyahu e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, são completamente contra. A maioria da opinião pública israelense também. Segundo uma pesquisa recente, 56% acham que a operação militar tem que continuar em ritmo intenso até que os militares libertem os reféns. Apenas 24% acham que os prisioneiros palestinos têm que ser soltos em troca da libertação dos reféns, mesmo que isso signifique um cessar-fogo prolongado.

A mesma pesquisa mostra que apenas 15% dos israelenses querem que Netanyahu continue no governo depois que a guerra acabar. O partido de Benny Gantz, de centro, seria o mais votado numa próxima eleição.

“NÃO ME MATEM”

A passagem do tempo aumenta a angústia com a situação dos reféns. Os cem dias de cativeiro motivaram um aumento de manifestações e até uma instalação artística imitando um túnel de Gaza onde famílias de presos sentiram um pouco da agonia que seus entes queridos estão sofrendo.

Depoimentos de reféns que foram libertadas na última troca acrescentam detalhes dramáticos a uma situação cujo terror não é difícil de imaginar. Aviva Siegel disse que uma jovem companheira de cativeiro sofreu abusos quando foi ao banheiro. Outra, militar, foi torturada ao lado dela. Agam Goldstein-Amog, de 17 anos, contou ter visto seis mulheres jovens que haviam sofrido abusos. Algumas vítimas tinham ferimentos graves, incluindo perda de membros.

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Nos hospitais mobilizados para receber reféns também está sendo discutido como tratar mulheres que cheguem grávidas do cativeiro.

As dissensões internas no gabinete de crise demonstram como, desde o primeiro momento, a questão dos reféns foi e continua sendo a mais complexa.

Ontem, o Hamas divulgou um vídeo em que Noa Argamani, a jovem de 26 anos que aparece num vídeo implorando “Não me matem” quando foi sequestrada, sendo obrigada a dizer que dois outros reféns, Yossi Sharabi e Ital Sviski, haviam morrido por causa de bombardeios israelenses. Os três haviam sido mostrados num vídeo anterior, pedindo para o governo parar os ataques.

Magra, abatida e com profundas olheiras, Noa, que é filha de mãe chinesa e pai israelense, parece uma sombra da jovem mulher de antes do horror do 7 de outubro.

Como disse Gadi Eisenkot, o tempo dela, e dos outros mais de 130 reféns, está acabando. E fica cada vez mais difícil conviver com isso.

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