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Imigração nos EUA: de gangues vindas da Venezuela a superpopulação

A mídia correu para desmentir Donald Trump na besteira sobre haitianos comendo animais de estimação em Ohio e descobriu problemas maiores

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 16 set 2024, 06h53 - Publicado em 16 set 2024, 06h51

Esta é uma campanha tão louca que a prisão de um homem com uma Kalashnikov com mira telescópica, escondido na vegetação próxima do palacete de Donald Trump na Flórida nem parece mais provocar espanto. Deveria deixar todos os meios de comunicação em surto, mas pesam dois fatores: já houve outra tentativa de assassinato, muito mais grave, em julho. E a mídia antitrumpista acha que favorece o candidato se ele parece como vítima.

Prefere continuar focada na bobagem que ele falou, no debate com Kamala Harris, ao alegar que na cidadezinha de Springfield havia imigrantes haitianos comendo cães e gatos de estimação. Os problemas da entrada sem controle nos Estados Unidos, na verdade, são infinitamente maiores. Um dos mais prementes é a transposição de uma organização criminosa da Venezuela, o Trem de Arágua, para lugares tão diferentes quanto Aurora, no Colorado, e Nova York.

Com a Venezuela na miséria, até para bandidos que viviam de extorsão, o paraíso americano é muito fácil de ser dominando: a prática de uma violência desproporcional à dos criminosos locais, que sabem melhor como os organismos policiais funcionam e tomam seus cuidados, permite que cheguem e assumam o controle de atividades como narcotráfico, prostituição e furto em massa em lojas.

A ocupação de um hotel fechado inteiro em Aurora virou uma notícia nacional. Na quarta-feira passada, dez membros da gangue foram presos na cidade.

Até o Exército americano já fez um relatório sobre o perigo da infiltração dos criminosos venezuelanos, que se tornaram uma organização internacional à altura, em matéria de desestabilização, dos cartéis mexicanos.

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TRÁFICO SEXUAL

Sem a disciplina e a organização vertical do mais conhecido grupo de crime organizado do Brasil, os candidatos venezuelanos seguem métodos arriscados como atacar diretamente membros das forças policiais. Já circula uma “ordem” deles de partir para o confronto, uma política não muito inteligente nos Estados Unidos.

Pequenos comerciantes venezuelanos estão conseguindo escapar da prática da extorsão, comum em seu país de origem, porque a gangue vê oportunidades de negócios muito maiores. “Por que extorquir cinco dólares quando dá para furtar 7 mil dólares numa loja de departamentos?”, argumentou um especialista em crime numa reportagem do Wall Street Journal.

Disse um jornal do Texas sobre as atividades da organização criminosa na Venezuela, agora projetadas para os Estados Unidos: “O Trem de Arágua não se limita ao tráfico de pessoas; seu portfólio criminal inclui tráfico de armas, extorsão, tráfico de drogas, mineração ilegal, sequestro e lavagem de dinheiro. É particularmente alarmante o foco em populações vulneráveis, como mulheres e crianças, para tráfico com fim sexual. As vítimas que tentam escapar frequentemente sofrem consequências letais, com sua morte servindo para intimidar outras”.

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Existe também a suspeita, sem confirmação, de que o regime de Nicolás Maduro soltou presos do Trem de Arágua já sabendo que iriam tentar a vida, com atividades criminosas, nos Estados Unidos, numa ação desestabilizadora. Outros países adversários dos Estados Unidos também podem estar usando essa tática.

TRÁFICO DE PESSOAS

Deliberadamente, o governo de Joe Biden facilitou a entrada irregular de cinco a dez milhões de estrangeiros através da fronteira com o México e hoje há uma incrível variedade de imigrantes seguindo essa rota, inclusive russos e chineses, que chegam de avião em países como Nicarágua ou Colômbia e seguem por terra, atravessando selvas e outros lugares perigosos.

Como já estão acostumados com o tráfico de pessoas, os criminosos venezuelanos têm mais vantagens em seguir rotas menos arriscadas.

Com poucos envolvidos nas gangues criminosas que praticamente tomaram o poder em seu país completamente distópico, imigrantes clandestinos haitianos também chegam em quantidades desestabilizadoras em pequenas cidades americanas, simplesmente pelos números.

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Por exemplo: Trump afirmou que os furtos de animais de estimação com fins alimentícios estavam apavorando a população de Springfield. Provavelmente foi influenciado por uma má “conselheira”, Laura Loomer, que vem deixando a assessoria dele em pânico – a boataria sobre um relacionamento excessivamente próximo entre ambos está pegando fogo.

Muitos repórteres foram até a cidade de Ohio para mostrar como o ex-presidente estava mentindo. Os mais honestos descobriram um problema maior: a cidade de 60 mil habitantes recebeu nos últimos três anos uma população de 20 mil haitianos, muitos atraídos por empregos num grande centro logístico da Amazon.

ROUBO DE GANSOS

Como um município pode enfrentar um súbito aumento de um terço de sua população? É claro que escolas e serviços médicos ficam extremamente sobrecarregados. E muitas pessoas estão realmente convencidas de que seus animais de estimação correm perigo. “Quase todo mundo acredita nos boatos porque já viu muitos outros problemas”, contou um morador de Springfield, Alexis House.

E outro morador realmente ligou para o número de emergência da polícia, como mostra uma gravação, e disse que tinha acabado de ver quatro haitianos, dois homens e duas mulheres, levando gansos, agarrados pelo pescoço, de um parque. Entraram num utilitário Toyota com as aves e foram embora.

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O desconhecimento das regras de trânsito provoca acidentes frequentes. No ano passado, um motorista haitiano bateu num ônibus escolar, deixando um menino de onze anos morto e vários feridos.

Outra cidade em situação onde os acidentes de trânsito dispararam é menor ainda. A população de Charleroi, na Pensilvânia, era de apenas 4,2 pessoas em 2022. Desde então, dobrou com a chegada de imigrantes, na maioria do Haiti. Todos têm direito a pedir uma carteira de motorista, o principal documento no país onde não existe RG. Há dúvidas sobre a capacitação dos recém-chegados para dirigir.

Os Estados Unidos têm uma grande população tradicional de origem haitiana que, majoritariamente, faz o que não consegue em seu país falido: estudar, trabalhar e ter uma vida digna. Muitos homens começaram como motoristas de táxi e, como outros profissionais, dão um duro danado para melhorar de vida. A pessoa mais conhecida do país de origem haitiana é a porta-voz do governo Biden, a linda (embora nem sempre comprometida com os fatos) Karine Jean-Pierre.

CRIMES APAVORANTES

É errado generalizar sobre haitianos, venezuelanos e outras nacionalidades, inclusive brasileiros, que buscam uma vida melhor, mesmo que irregularmente.

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Mas também é errado ignorar o impacto de grandes números de estrangeiros em cidades de diferentes tamanhos, sendo as menores as mais afetadas.

Quando cometem crimes, profissionais ou de oportunidade, aumentam a sensação de que o descontrole na fronteira afeta negativamente a vida de muitos americanos. Os políticos republicanos procuram usar isso contra os democratas, mas o fato de que haja uma instrumentalização política não muda a essência dos crimes cometidos.

Várias mulheres recentemente deram depoimentos no Congresso na semana passada sobre atrocidades cometidas contra suas filhas por criminosos clandestinos – ou simplesmente ignorados pelas autoridades. São relatos apavorantes.

AGRESSÃO GRAVADA

Alguns casos: Rachel Morin, uma linda mulher de 37 anos, mãe de cinco filhos, foi estuprada e morta quando corria, num lugar afastado, por um salvadorenho que havia entrado no país no ano passado, já com um histórico de homicídio. Em Los Angeles, havia atacado uma mulher e sua filha de nove anos.

Outro salvadorenho, dizendo-se menor de idade, entrou no país e foi mandado para Frederick, no estado de Maryland. Lá, invadiu a casa de Kayla Hamilton, de 20 anos. Atacou a jovem em seu quarto, numa agressão que ela conseguiu transmitir para o celular do namorado. Estrangulou-a com o cabo do celular e, depois de morta, a estuprou.

Dois venezuelanos, saídos de um programa do governo chamado Alternativa à Detenção, viram Jocelyn Nungaray, de apenas doze anos, passar por uma loja de conveniência na rua de sua casa, em Houston. Atraíram-na para um local distante. O corpo violentado da menina foi achado no dia seguinte jogado num córrego, despido da cintura para baixo.

Os problemas, como vemos, são infinitamente maiores do que a perda de bichinhos de estimação, real ou imaginária. E a infiltração em massa de uma organização criminosa venezuelana só adiciona mais um complicador.

A fala de Trump inevitavelmente colocou a imigração como um assunto do qual não dá para desviar. Pode ser chamado de racista, preconceituoso ou mentiroso – mas os fatos que queria destacar são incontornáveis.

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