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Hipócritas unidos jamais serão vencidos: desfile de exageros na COP26

Numa coisa Greta tem razão: declarações apocalípticas e engarrafamento de jatinhos mostram que muitos querem pegar carona na onda salvacionista

Por Vilma Gryzinski 2 nov 2021, 08h13
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  • Cop26 - Glasgow
    Blá-blá-blá: Greta Thunberg consagrou a palavra e não se pode dizer que nisso não esteja certa (Andrew Milligan/Getty Images)

    “Chega de blá-blá-blá”, proclama sem parar a precoce musa ambientalista, Greta Thunberg (que já tem 18 anos, mas continua aparentando 12).

    Mesmo quem acha sua pregação exagerada e catastrofista, tem que concordar: o nível de conversa mole, já muito alto, atingiu novos patamares com a conferência climática em Glasgow.

    Um exemplo estarrecedor: Justin Welby, o arcebispo de Canterbury, ou Cantuária, principal autoridade eclesiástica da Igreja Anglicana, teve que pedir desculpas pela “ofensa causada aos judeus” quando disse que a inação dos líderes mundiais levaria a um genocídio muito maior do que o provocado pelo nazismo.

    “Estava tentando enfatizar a gravidade da situação com que nos defrontamos na COP26”, alegou. Detalhe: antes de se tornar padre, ele foi executivo da indústria petrolífera.

    Por que um religioso que segue todo o manual politicamente correto faria uma comparação dessas?

    Porque está havendo uma espécie de competição de declarações apocalípticas sobre a situação ambiental do planeta.

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    “Chega de tratarmos a natureza como um vaso sanitário”, exaltou-se António Guterres, o secretário-geral da ONU que fala constantemente que a humanidade é “viciada em combustíveis fósseis”, como se usar transportes, alimentar-se, aquecer-se e desfrutar da ampla cadeia de produtos provenientes do petróleo fosse uma escolha doentia resultante da toxicomania, não da necessidade.

    Boris Johnson, o primeiro-ministro que quer parecer mais verde do que Greta, comparou a situação climática a uma “máquina do fim do mundo” como nos filmes de James Bond. Outra comparação absurda, embora menos ofensiva do que a do arcebispo. Ele também justificou o uso de um jatinho particular para a viagem a Glasgow.

    Tal como o príncipe Charles, Boris está usando “combustível de aviação sustentável”, uma mistura de gasolina comum de avião com materiais reciclados a partir de óleo de cozinha e outros. Custa cinco vezes mais.

    Pelo menos Boris e Charles estão fazendo um esforço, o que não pode ser dito sobre os outros 50 aviões particulares que estão congestionando as pistas de Glasgow e arredores. No total, são esperados 400 aviões. De Jeff Bezos a Evo Morales, ninguém quer voar em aviões comerciais.

    Só os quatro utilizados pela comitiva de Joe Biden, mais o helicóptero Air Force One e mais 85 veículos geram mil toneladas de dióxido de carbono.

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    É hipocrisia ir para uma conferência ambiental com seu próprio jatinho? Sem dúvida, se for para pegar carona no marketing que a imagem de preocupação com o meio ambiente gera. Ninguém, obviamente, imagina o presidente dos Estados Unidos pegando um avião de carreira da American Airlines. Mas por que o príncipe Albert de Mônaco não pode dar um bom exemplo? Ou sua ausência causaria danos ambientais irreparáveis?

    Jeff Bezos foi para a Escócia direto da festa de aniversário no iate de Bill Gates, em águas cristalinas da Turquia, ao qual chegou de helicóptero.

    De que adianta ser o homem mais rico do mundo – ou o segundo entre os mais mais, lugar que alterna com Elon Musk – se você não pode viajar no seu próprio Gulf Stream?

    Mas depois não vale se passar por simpático com Greta Thunberg e ouvir sorrindo as represálias, quando não insultos, que ela profere sem parar.

    A hipocrisia pode ser a homenagem que o vício presta à virtude, mas ser ambientalmente virtuoso exige muito mais do que promessas vazias e jatinhos cheios.

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