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Hamas está decapitando soldados sequestrados. Como mostrar isso?

É um dos dilemas terríveis das guerras: não chocar os leitores e, ao mesmo tempo, transmitir o horror dos extremos da degradação humana

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 10 Maio 2024, 08h42 - Publicado em 10 out 2023, 07h52
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  • Trecho de vídeo publicado em rede social que mostra a israelense Noa Argamani sendo sequestrada por membros do Hamas
    Trecho de vídeo publicado em rede social que mostra a israelense Noa Argamani sendo sequestrada por membros do Hamas (./Reprodução)

    “O mundo precisa saber que a depravação deles é maior até que a do Isis”, disse um porta-voz das Forças de Defesa de Israel ao informar que o Hamas estava postando imagens de soldados israelenses sendo decapitados. “Não vamos compartilhá-las”.

    Respeitar os mortos é um imperativo da civilização e, em tempos de guerra, cria problemas para quem tem o dever profissional de informar. O que mostrar, para dar uma ideia de horrores que estão acontecendo, e o que não mostrar para preservar as vítimas e também suas famílias?

    A notícia sobre as decapitações é terrível, quase insuportável — e sabemos que os adeptos do “pornô da guerra” vão acabar vendo as imagens.

    Como todo mundo tem um celular, outras imagens atrozes circularam. Entre as mais impublicáveis, as da jovem alemã Shani Look, tatuadora alemã de 23 anos, cujo corpo quase despido foi colocado na traseira de uma picape, pisoteado por seus captores e cuspido por passantes. Toque final do “pacote Hamas”: seu cartão de crédito foi usado em Gaza.

    Shani estava no festival de música eletrônica da franquia Universo Paralelo, daí uma grande presença de brasileiros, dos quais três desaparecidos. A chacina estarrecedora de 260 jovens ainda está sendo absorvida. Também há imagens impublicáveis de pilhas enormes de corpos e de outras vítimas atingidas quando tentavam fugir ou se esconder em canais de irrigação e até nas poucas árvores da região desértica. Uma testemunha contou ao site Tablet que viu meninas sendo estupradas ao lado dos corpos de amigos fuzilados. Muitas também foram mortas e outras levadas para Gaza, desfilando com as calças ensanguentadas que indicavam violência sexual.

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    Eles acamparam no deserto para curtir uma rave em clima de paz, amor e outros aditivos e encontram o horror em sua forma mais brutal, terroristas sedentos por fuzilar inocentes ou sequestrá-los, rindo de seu medo como no caso de Noa Argamani, de 25 anos, filmada quando era levada de moto, implorando “Não me matem”. As declarações devastadoras de seu pai, em lágrimas por não conseguir ajudar a filha querida, retratam a situação de extrema angústia enfrentada por 130 famílias de sequestrados.

    A devastação causada pelo Hamas não tem precedentes em vítimas civis e nem para uma ação desfechada em um único dia: mais de 900 mortos. O que é uma repetição de tudo o que se vê sempre são os apelos a Israel pela “contenção”. O ineficiente secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, especializado em fazer declarações estapafúrdias sobre o aquecimento global, resumiu o espírito da coisa: “Enquanto eu reconheço as legítimas preocupações de segurança de Israel, gostaria de lembrar que as operações militares devem ser conduzidas de acordo com o direito humanitário internacional”, disse o português.

    Guterres não deu detalhes sobre como se ater ao direito humanitário com um inimigo cuja tática fundamental é se confundir com a população civil, usando inclusive instalações sob a égide da ONU para suas bases subterrâneas. Com certeza ele também execra sinceramente a nova tática de decapitar soldados capturados. Qual ser humano minimamente dotado de padrões morais pode aceitar ou justificar isso?

    E qual deve ser a resposta de Israel? Quem é o dono da fita métrica que mede o que é excesso o que é admissível? Os simpatizantes do Hamas, tão entusiasmados com a resistência?

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    Como se vê, os dilemas são muito maiores do que quais fotos publicar ou não para transmitir a realidade do terrorismo e da guerra. O que Israel pode fazer, tendo tido quase mil cidadãos, na imensa maioria civis, perseguidos nas ruas, dentro de casa ou no grande acampamento da rave no deserto, caçados e executados, relembrando alguns dos mais hediondos momentos do genocídio dos judeus nos países ocupados pela Alemanha nazista?

    Os perigos envolvidos são evidentes e podem aumentar. O braço armado do Hamas avisou que “a partir desse momento, qualquer ataque ao nosso povo na segurança de suas casas sem aviso prévio será respondido com a execução de reféns civis, que serão transmitidas por vídeo e áudio”.

    É uma garantia que mais imagens horripilantes vão circular.

    Num mundo ideal, não haveria vítimas inocentes em nenhum dos lados, o estado judeu conviveria com uma entidade palestina livre e independente, os petrodólares do Golfo promoveriam a prosperidade de todos. No mundo real, Israel devolveu Gaza e acabou tendo como vizinhos fundamentalistas islâmicos que matam mulheres e crianças, fuzilam pessoas em suas casas, chacinam jovens numa rave e decapitam presos.

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    A ideia de que um dia haverá dois estados foi sepultada no sábado, 7 de outubro de 2023. Um dia horrível para Israel e de luto para o mundo inteiro.

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