Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Governantes esquerdistas tentam esconder a bobagem que Castillo cometeu

Colômbia, Bolívia e México são os países que procuram desconstruir a realidade, ignorar o autogolpe no Peru e culpar as 'elites'

Por Vilma Gryzinski 21 dez 2022, 07h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A posse de Lula deveria ser o apogeu da esquerda latino-americana, com a presença maciça de irmãos ideológicos que celebrariam a identidade comum.

    Só que deu um probleminha no meio do caminho e o Peru entrou em crise quando Pedro Castillo resolveu, canhestramente, desfechar um autogolpe que, por falta de apoio de todas as instituições, terminou com o presidente equivocado sendo preso por sua própria segurança.

    Todo mundo viu o pronunciamento claramente golpista que ele fez pela televisão, pretendendo dissolver não só o Congresso como o sistema judiciário inteiro e governar por decreto.

    Agora, três países com governantes de esquerda – México, Colômbia e Bolívia, mais uma Argentina algo envergonhada – tentam convencer que os nossos olhos nos enganaram: foi Castillo quem sofreu um golpe.

    A coisa chegou a um nível de armação que o México concedeu asilo político à mulher e filhos de Castillo, acusados de corrupção. O Peru mandou o embaixador mexicano deixar o país.

    Ironicamente, um tribunal de recursos havia acabado de encerrar o processo por corrupção contra Lilia Paredes, a mulher de Castillo.

    Continua após a publicidade

    A realidade fake inventada pelos esquerdistas parece piada. Gustavo Petro tentou vender esta versão com incrível cara de pau, mais uma prova de que a Colômbia está indo por um mau caminho.

    “Eu não tenho elementos para dizer se é corrupto, o que se vê hoje é que não está processado por corrupção, está processado por rebelião, é um presidente que não está condenado por isso”, disse o colombiano, distorcendo os motivos da prisão do golpista fracassado. “Eu o vejo como uma vítima, o que está acontecendo é uma coisa que está matando gente, um presidente eleito popularmente que nenhum juiz condenou e que é capturado por sua própria escolta e levado preso”.

    Parece o papa falando, com graves equívocos factuais e morais, do presidente eleito do Brasil.

    Insuflar a versão de um presidente derrubado – pelas elites malignas, claro – reforça o sentimento de revolta que está provocando ondas de protestos nas regiões do Peru onde existe uma grande população indígena que, por motivos óbvios, se sente alijada das instituições dominantes e identificada com Castillo, sindicalista e professor rural da mesma esfera andina.

    Continua após a publicidade

    Existem também outras camadas de motivos alimentando as manifestações: a serra, como se diz na região, é infiltrada por grupos da esquerda armada e por diferentes organizações criminosas que promovem o cultivo, o transporte, o refino e a exportação da cocaína entre o Peru, a Bolívia e a Colômbia.

    Na Bolívia, praticamente a cocaína tem livre trânsito. Nem a encenação de operações repressivas existe mais. Num discurso nada menos que delirante na Assembleia Geral da ONU, Gustavo Petro nada menos que defendeu a droga como instrumento de combate ao aquecimento global.

    “Uma dessas plantas que absorve o CO2, entre milhões de espécies, é uma das mais perseguidas da terra e se busca sua destruição. É uma planta amazônica, a planta da coca, a planta sagrada dos incas”.

    Precisa ser mais claro? Só os imperialistas mais mesmo para “perseguir” uma planta sagrada.

    Continua após a publicidade

    Os maléficos mecanismos do narcotráfico e os protestos aumentaram a explosiva instabilidade institucional vivida no Peru ao longo dos últimos anos, com presidentes sendo sucessivamente destituídos pelo Congresso e processados pela Justiça, tendo como elemento comum o sistema de corrupção instituído e exportado pelas construtoras Odebrecht e OAS.

    A incompetência extrema de Pedro Castillo provocou um desenlace semelhante e ninguém espera que a nova presidente, Dina Boluarte, seja uma exceção nesse quadro de instabilidade extrema. Também é pouco provável que a convocação de eleições antecipadas, embora necessária, mude o panorama.

    Triste é ver países como o México, a Colômbia e a Bolívia tentarem aumentar ainda mais uma situação de alta volatilidade. Os três países, mais a Argentina, que deu marcha a ré no meio do caminho, fizeram uma nota conjunta há dez dias, manifestando “profunda preocupação pela remoção e detenção” de Castillo.

    O mexicano Andrés Manuel López Obrador falou em “golpe brando”, Petro em “golpe parlamentar” e o boliviano Luis Arce da “constante perseguição das elites contra governos progressistas”.

    Continua após a publicidade

    Note-se a ausência do chileno Gabriel Boric, que tem seguido uma linha diferente em relação à esquerda que nem finge ser democrática, provocando ataques de nervos em Nicolás Maduro.

    A parte oficial de cerimônias de posse costuma ser enfadonha, mas o primeiro de janeiro poderá oferecer alguns movimentos interessantes.

    Só não se deve contar com a presença de Dina Boluarte. A sexta pessoa a assumir a presidência do Peru em quatro anos sabe muito bem que, se sair do país, corre o risco de não poder voltar.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.