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“Gente como a gente”: está Kamala Harris usando colar de 320 mil reais?

A candidata democrata tenta vender a imagem de pessoa do povo, mas as roupas e acessórios de alto luxo contam outra história

Por Vilma Gryzinski 3 out 2024, 07h00
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  • Kamala Harris
    Bem apresentada: modelo igual ao caro colar da Tffany brilha no pescoço da vice-presidente (Melina Mara/The Washington Post/Getty Images)

    Em vários sentidos, Kamala Harris é a candidata dos sonhos dos marqueteiros: uma mulher com currículo recheado de posições honrosas, inclusive como vice-presidente, bonita, com um sorriso que levanta os ânimos, origem racial diversificada para poder se proclamar negra – a parte indiana fica um pouco em segundo plano -, mas não negra o bastante para parecer diferente demais do eleitorado que precisa conquistar, homens brancos pouco satisfeitos com a situação econômica ou social do país. Nesse quesito, é da mesma linha que Barack Obama.

    Por que enfeitar e tentar dizer que teve origem humilde, chegando a ponto de imitar o modo de falar da população negra com menos instrução do que ela, que foi procuradora e presidiu o Senado dos Estados Unidos?

    Porque assim pensam os marqueteiros. Querem que ela pareça “gente como a gente”, com elegantes terninhos da marca Chloé (na casa dos cinco mil dólares), sapatos Manolo Blahnik (começando em 800 dólares) e joias de alto valor. Convencer o público disso é o trabalho deles, acredita quem quiser.

    Como tantas mulheres, a candidata democrata tem um fraco por joias – de verdade, não bijuterias. Usa relógio Cartier Balon Bleu ( 4 650 dólares), múltiplos colares de ouro e pérolas (um com labradoritas, é vendido por 10 140 dólares). Nas últimas semanas, tem aparecido com um moderno colar de correntes grossas. O modelo de ouro custa 62 mil dólares (mais de 300 mil reais) na Tiffany. É ele que Kamala usa ou uma imitação?

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    TODOS OS CUIDADOS

    A maior fonte de informações sobre suas roupas e joias é o Kamala Harris’ Closet. Não tem nada sobre o colar, real ou copiado, da Tiffany. Kamala usou o modelo numa visita à fronteira com o México, um dos maiores problemas para a candidatura democrata e a bandeira mais conhecida de Donald Trump.

    Durante o governo de que ela ainda faz parte, como vice-presidente, entraram cinco milhões de pessoas sem visto no país, o que desarranja a vida de cidades para onde são mandados e exaure serviços.

    Uma reportagem da Fox, exceção de direita na mídia, mostra dados oficiais estarrecedores. Por exemplo, entraram no país 13 mil pessoas condenadas por homicídio em seus lugares de origem. Crimes sexuais, mais de 15 mil. Assaltos com invasão de domicílio, 14 mil. São parte dos 662 556 com condenações na ficha, dos quais apenas 15 mil estão detidos.

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    Um colar de 62 mil dólares não ajudaria muito a promover a imagem de Kamala, menos ainda usado para ver in loco o problema . A apenas 33 dias da eleição, ela precisa tomar todos os cuidados. Está em vantagem, embora pequena, na maioria das pesquisas. Na média do site RealClearPolitics, que usamos como padrão devido à enorme variedade de levantamentos, tem 49,2%, contra 47% para Trump.

    IMAGEM FORTE

    A essa altura, todos sabemos a diferença entre a votação popular e os votos no Colégio eleitoral, onde apenas um punhado de estados pêndulo define quem será o presidente. Segundo as pesquisas, que mudam quase que diariamente por causa dos resultados muito apertados. Trump está na frente em Arizona, Nevada, Carolina do Norte e Georgia, e atrás no Michigan. Na Pensilvânia, cada um tem exatamente 48%.O superanalista Nate Silver, do 538, dá 55% de probabilidade de vitória a Kamala; na casa de apostas Betfair, o pêndulo virou para o lado de Trump.

    Ou seja, não dá para cravar nada.

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    Os votos ainda em disputa, os que farão a diferença nos estados pêndulo, são apenas na casa das dezenas de milhares. Kamala tem uma enorme vantagem no voto feminino e, se ganhar, terá sido empurrada pelas mulheres, como aconteceu com Joe Biden. Entre o eleitorado masculino, Trump é o preferido em todas as faixas.

    As mulheres são de Vênus e adoram o guarda-roupa sério e ao mesmo tempo antenado, com a feminilidade natural equilibrando a masculinidade dos terninhos de Kamala, comandado pela stylist Leslie Framer e equipe? Michelle Obama tinha sete pessoas só para cuidar de suas roupas, um investimento de alto retorno devido ao sucesso das escolhas e ao porte da ex-primeira-dama. Kamala também criou uma imagem forte e imediatamente identificável.

    Os homens são de Marte e, de forma geral, não ficam reparando em roupas, exceto quando a candidata era Hillary Clinton e os conservadores ficavam fazendo piadas sobre barracas e outras referências sem graça a quilos a serem disfarçados.

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    “CLASSE MÉDIA”

    Kamala Harris é rica com um patrimônio estimado em oito milhões de dólares, e casada com um homem bem sucedido, Doug Emhoff, que fechou seu escritório de advocacia, especializado em direitos autorais e outros aspectos do show business, quando ela foi eleita vice-presidente, renunciando a rendimentos anuais na casa de 1 milhão de dólares (ele foi eleito número um da lista de cinquenta judeus mais influentes do mundo feita pelo Jerusalem Post, divulgada ontem).

    Os dois podem bancar colares de mais de 60 mil dólares.

    Deslocado é quando Kamala se veste de forma tão cara e tenta passar por “classe média”, o que nos Estados Unidos é equivalente aos que fazem piruetas quando sobra mês no fim do salário, uma situação acentuada pelos 20% de inflação nos produtos alimentícios durante o governo Biden.

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    O pai de Kamala, o jamaicano Donald Harris, foi professor de economia em Stanford. A mãe, a indiana Shyamala Gopalan, já falecida, era uma pesquisadora especializada em estudos sobre câncer de mama. Houve dificuldades quando Harris largou a família, mas Shyamala conseguiu um emprego no Canadá e morou em Montreal com as duas filhas, num bairro excelente. Por causa disso, Kamala fala francês, mas disfarça, para não parecer privilegiada.

    Falar em origem humilde é um truque de imagem, com poucos vasos comunicantes com a realidade. Assim operam os marqueteiros.

    LUXO INIMAGINÁVEL

    Em matéria de dinheiro, como em tantas outras coisas, o bilionário Trump faz o contrário: exagera seu patrimônio, talvez um cacoete do currículo como construtor que sempre precisava enfeitar as garantias para conseguir empréstimos nos bancos para suas obras.

    Muitos eleitores de Trump gostam dele justamente por ser muito rico e não tentar disfarçar. Rara concessão à realidade: durante o tempo em que o marido foi presidente, Melania Trump deixou de usar o anel de brilhante de 25 quilates, coisa de três milhões de dólares, que ganhou nos dez anos de casamento.

    Trump usava as joias de um luxo inimaginável da esposa para promover sua imagem. Agora, Melania não tem sido vista na campanha, com ou sem anel.

    Em matéria de imagem, Kamala tem empate na prática: favorável para 47,5%, desfavorável para 46,2%, diz o 538. Trump: 43% contra 52,5%.

    Seria uma garantia de que Kamala está eleita? Vamos ter que esperar mais um pouco.

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