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Está dura a vida das celebridades na China: proibidas de exibir riqueza

E de mostrar “prazeres extravagantes”. Também precisam respeitar “a ordem pública e os bons costumes”. Já no TikTok para os ocidentais, vale tudo

Por Vilma Gryzinski 25 nov 2021, 08h08
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  • Para quem acha que a China representa “uma luz contra a absoluta decadência e escuridão” do Ocidente, mais uma prova da superioridade chinesa: as celebridades precisam “se opor às ideias decadentes de culto ao dinheiro, ao hedonismo e ao individualismo extremo”.

    Além de não exibir riqueza e outras extravagâncias,  os famosos têm que seguir o slogan: “Amor ao partido, amor ao país, defesa da moralidade e da arte”.

    Também não podem divulgar boatos nem incentivar rivalidades entre seguidores. Nem divulgar conteúdos que “induzam seguidores a adorar cegamente” as celebridades.

    Isso praticamente eliminaria uns 90% dos influencers em qualquer quadrante.

    As novas instruções fazem parte de uma volta aos princípios esquerdistas comandada por Xi Jinping, abrangendo todas as esferas, desde a economia, onde os novos milionários estão tendo as asinhas cortadas, até a educação e o campo cultural.

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    Como estudiosos do comunismo, Xi e sua corte entendem muito bem a importância dos meios culturais, o que hoje inclui o infinito mundo da internet.

    Em ordens anteriores, as empresas de games foram instruídas a permitir apenas três horas por semana para crianças e adolescentes e cantores ou atores que imitam os modismos sul-coreanos ficaram sabendo que não podem usar figurinos “afeminados”. A proibição foi reiterada agora pelo Departamento de Ciberespaço da China, com a qualificação de “estética anormal”.

    O poder do Estado para impor as novas diretivas, ou o que mais for decidido, é avassalador. O caso da atriz Zhao Wei, também conhecida pelo nome ocidentalizado de Vicky Zhao, mostrou isso. Ela literalmente sumiu do mapa.

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    Todas as referências a Zhao Wei no mundo digital foram apagadas, enquanto circulam boatos de que seu caso envolve delitos fiscais. Nunca foi dada uma justificativa oficial para o cancelamento maciço.

    Enquanto acatam as ordens de cima para “moralizar” o mundo digital, empresas chinesas como a TikTok deixam rolar “desafios” como o feito a alunos adolescentes para vandalizar banheiros de escolas e desacatar professores. Vários episódios desse comportamento destrutivo foram postados nos Estados Unidos.

    Num caso mais extremo, no País de Gales, professores chegaram a simplesmente desistir da carreira por causa de vídeos no TikTok com montagens onde seus rostos são colados com palavrões ou a cenas pornográficas. Um foi chamado de pedófilo, rótulo terrível para um inocente.

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    “Temos funcionários vivendo num regime de medo, imaginando que serão mostrados em vídeos ofensivos”, disse uma diretora de escola galesa.

    A criatividade, o bom humor, a originalidade e até a falta de jeito fizeram a fama dos vídeos do TikTok. É triste que sejam usados para constranger ou desmoralizar terceiros. Ninguém pensa em coibir a rede social, embora haja formas legítimas de controlar a incitação a comportamentos criminosos de adolescentes.

    O regime de partido único do país que representa “uma luz”, segundo as palavras admiradas de uma ex-mandatária brasileira, nem precisa disso. Manda e quem tem juízo obedece – o sonho de tantos ditadores internos que nos habitam.

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