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Barrados no baile: Harry e Meghan perderam a carona real

Ter uma vida mais livre, ganhar um monte de dinheiro e ainda usar os privilégios da condição de membros da realeza parecia um ótimo plano; mas não colou

Por Vilma Gryzinski 19 fev 2020, 15h36
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  • Dar palestra promovida pelo JP Morgan (com jatinho deles, claro), jantar com Jennifer Lopez e levar uma vida “normal” numa mansão emprestada por um milionário no Canadá.

    Estas foram as mais recentes atividades conhecidas do príncipe Harry e da mulher, Meghan, desde que se afastaram da condição de membros da família real em tempo integral.

    Agora, está decidido que não vai passar disso: o afastamento virou proscrição, sem o uso dessa palavra, claro.

    Os planos de manter um pé nos ambientes palacianos onde Harry nasceu e viveu até resolver mudar de carreira foram cortados.

    A partir de abril, o casal não terá mais nenhum tipo de atividade oficial, nem sequer uma salinha no Palácio de Buckingham.

    A data era a dúvida desde que eles tomaram a decisão de mudar de vida, na virada do ano. A rapidez com que foi decidida indica que o “Palácio” – com aspas para indicar uma ação conjunta da rainha e de seu herdeiro – não está para brincadeiras.

    Mais importante, embora ainda não confirmado, perderão o direito ao uso da marca “Sussex Royal”, a plataforma a partir da qual pretendiam ganhar mais fama e fortuna ainda.

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    Vender a palavra “real” para exploração comercial de qualquer tipo foi considerado incompatível. E ponto final.

    Adeus, portanto, ao site Sussex Royal, onde a equipe de Harry Meghan estava investindo um bocado de trabalho. E até a Fundação Sussex Royal, prontinha para sair do forno.

    “Pode ter soado chique para a equipe de atilados empresários americanos, advogados especialistas em propriedade intelectual e especialistas em marketing digital que passou a assessorar o casal em seu novo modus operandi”, escreveu Robert Hardman, jornalista especializado em família real (formado em Cambridge, esse pessoal não brinca em serviço).

    “Mas nunca iria conseguir a aprovação do árbitro final em todas as coisas referentes à realeza: a rainha.”

    Hardman (registre-se, é formado em Cambridge, esse pessoal não brinca em serviço) explicou que o caso não depende apenas dos humores reais, mas de leis específicas que governam o uso comercial do brasão, das armas e de outros atributos da realeza.

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    Empresas que recebem o “selo” real, seja de chá, bebidas ou roupas em legítimo xadrez escocês, prestam serviços durante anos, quando não séculos, até serem contemplados com a valiosa aprovação.

    E o festival de porcariadas de gosto duvidoso que invade o reino quando há um casamento, nascimento ou jubileu real?

    O monarca dá uma espécie de anistia temporária aos pratos, xícaras, guarda-chuvas e outras “lembrancinhas” comemorativas.

    Depois, acabou.

    Existe até uma lista de “palavras e expressões sensíveis” incluídas naquelas portarias que fazem o sonho dos burocratas cujo uso exige aprovação oficial. Entre elas: real, rei, rainha.

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    Como já havia sido decidido, Harry e Meghan conservam o título de duque e duquesa de Essex, um presente de casamento da rainha (poderia ser cortado, obviamente, mas aí seria considerado forte demais).

    O tratamento de Alteza Real fica na “gaveta”: não foi cassado, mas não será usado. Os títulos militares honorários de Harry – não, claro, a patente de capitão que conquistou ao servir no Afeganistão como piloto da Marinha Real – não só foram cancelados como já estão sendo redistribuídos.

    Sua tia, a princesa Anne, será a nova capitão-geral dos Fuzileiros Navais Reais – e a primeira mulher a ocupar a posição.

    Todo mundo está trabalhando mais para preencher as vagas deixadas por Harry e Meghan, sem contar o príncipe Andrew, que não saiu por vontade própria dos deveres reais, mas obrigado, por causa de sua bizarra e comprometedora amizade com o milionário americano Jeffrey Epstein, o tarado que se suicidou ou foi suicidado na cadeia.

    Uma equipe reforçada de especialistas em imagem está projetando Kate, a mulher do príncipe William, como futura rainha consorte depois que passar a era atual e a do sogro.

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    Kate está aparecendo muito mais, com projetos para a infância e a maternidade, a infalível atividade filantrópica escolhida para concentrar seus esforços.

    Sem contar o guarda-roupa de futura rainha: impecável, sóbrio, com vestidos e casacos que se tornaram sua marca registrada – e muito bem pensada. Fora as joias prodigiosas que usa cada vez mais frequentemente, emprestadas dos cofres da rainha.

    É um sinal infalível de que a monarquia pretende preservar não só os dedos, mas os anéis também.

    O desastre de imagem que começou com o caso Andrew e explodiu com a intempestiva decisão de Harry e Meghan, que queriam dispensar a parte chata e ficar com o lado bom de ser um membro da família real mais famosa do mundo, está sendo administrado por um discreto e invisível exército de especialistas.

    O pior, aparentemente, já passou.

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    Harry e Meghan parecem ter juízo suficiente para saber que se baratearem sua imagem, sairão perdendo.

    Mas quem resiste a um jantar com Jennifer Lopez?

    Só de imaginar qual foi a conversa entre o casal Sussex e a cantora e seu namorado, o ex-jogador de beisebol Alex Rodriguez (também ex de Madonna), muitos ingleses mais tradicionais balançam ligeiramente a cabeça, o máximo de manifestação de frustração que se permitem.

    Sem a palavra “real” acompanhando sua nova vida de celebridades, o peso para esta turma fica um pouco menos penoso.

    O resto da humanidade mal pode esperar para ver como serão os compromissos que Harry e Meghan terão em sua próxima viagem ao reino, em março, uma espécie de despedida.

    E comparar roupas, linguagem corporal e interação entre os membros da realeza que foi lascada, mas não partida.

    O espetáculo fornecido pela monarquia inglesa continua a ser imperdível.

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