Baixo-astral para Biden: filho problema, pesquisas ruins, aliados indóceis
A fase ruim continua para o ex-presidente, com o filho transformado em réu e reclamações, a maioria em off, até dos mais fiéis
Qual é o tamanho do prejuízo para Joe Biden com a causa na justiça que levará a julgamento seu filho Hunter Biden, por ter mentido que não usava drogas quando comprou um revólver calibre 38 com o qual aparece em vídeos retratando momentos deprimentes de um viciado descontrolado?
O prejuízo é grande, não só para o caso atual, como pelo que virá pela frente. Hunter ainda pode ir a julgamento por sonegação fiscal, potencialmente com penas pesadas. Além dos problemas com o judiciário, existe o inquérito pré-impeachment aberto no Congresso que também escava a vida complicada do filho do presidente, esperando achar alguma coisa que conecte o pai a transações comerciais ilegítimas.
Descoberto até agora: ele usava o nome do pai para abrir portas – e sabe-se lá mais o quê. Biden era vice-presidente e levava o filho, absurdamente, para visitas oficiais a países como Ucrânia e China, dos quais Hunter saía com negócios interessantes. Os adversários republicanos dizem que uma teia de empresas offshore obscurece a forma como integrantes da família Biden receberam 20 milhões de dólares ao longo do tempo, sem demonstrações objetivas de como esse dinheiro foi ganho.
A devoção de Biden pelo filho, que conseguiu meritoriamente se livrar do vício em crack que o destruía, o leva a repetir que tem orgulho de Hunter, tem fé nele, não fez nada de errado etc etc.
É bonito, como pai, mas acontece que Biden também é presidente dos Estados Unidos, quer ser reeleito no ano que vem e está num momento de vulnerabilidade. Os 80 anos, cercados de sinais de desgaste cognitivo, incomodam não só os eleitores, como aliados fiéis da mídia, aterrorizados ao ver Donald Trump encostar e, dependendo da pesquisa, ultrapassar o adversário.
No geral, 42% dos americanos apoiam o desempenho dele como presidente, mas 53% desaprovam. Apenas 37% aprovam a condução da economia. É difícil ser reeleito com um índice desses, mesmo que o adversário tenha seus próprios e crescentes problemas com a justiça.
Quebrado o tabu que a mídia alinhada com o Partido Democrata tinha em relação à idade de Biden, outros aliados começam a dar sinais de hesitação. Por exemplo: a CNN, antenadíssima com o governo, fez uma checagem sobre as diversas contradições com a realidade, fenômeno também chamado de mentira, que ele vive repetindo. Entre os mais recentes, dizer que esteve nas ruínas do World Trade Center no dia seguinte ao duplo atentado que derrubou as torres gêmeas. Em outras ocasiões, Biden já afirmou que foi preso durante os protestos pelo fim da segregação racial nos anos sessenta. Quase ridiculamente, afirmou que dirigia um caminhão carga pesada.
Na mais recente fantasia, garantiu que deu aulas de teoria política na Universidade da Pensilvânia durante dois anos. Outra contradição com a realidade.
Seria o presidente incapaz de perceber que as lorotas contadas quando era senador não passavam por um crivo tão rigoroso e não devem ser repetidas agora que ocupa a Casa Branca?
Os comentários de jornalistas simpatizantes sobre a idade avançada do presidente e até a checagem que subitamente aflorou refletem o fato de que o establishment que fez o possível e o impossível para eleger Biden está tendo momentos de dúvida.
Na média das pesquisas do RealClear Politics, Trump está com 45% dos votos declarados e Biden com 44,5%. Em outra pesquisa, da Reuters, Trump aparece na frente onde interessa – em sete estados-pêndulo, os que votam de maneira diferente em cada eleição. Diferença: 41% a 35%.
Não quer dizer que o ex-presidente esteja avançando num movimento claro – ao contrário, ele e Biden se entrelaçam continuamente.
Mas quer dizer que ninguém está tranquilo do lado democrata.
Imaginem que horror é viver todo dia em estado de ansiedade, esperando qual a bobagem o presidente vai falar nos discursos em que improvisa e acaba soltando asneiras.