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A perturbadora exceção de pilotos suicidas que levam inocentes com eles

A confirmação de que o acidente em que avião chinês caiu verticalmente foi provocado por tripulante evoca um fenômeno raro - e apavorante

Por Vilma Gryzinski 19 Maio 2022, 07h55

“Aproveite que não tem fila, enquanto eles estão comendo”.

Assim o copiloto Gamal El Batoury respondeu a Ahmed Mahhmoud El Habassy quando ele disse que iria deixar a cabine de comando para ir ao banheiro.

Quantas pessoas já não fizeram a mesma coisa, planejando a ida ao banheiro enquanto os outros passageiros estão presos atrás das mesinhas?

Mas a frase banal no voo 990 da EgyptAir, que havia saído de Los Angeles em 31 de outubro de 1999, feito uma escala em Nova York e embicava no Atlântico Norte na rota rumo ao Cairo antecedeu dois minutos e 43 segundos desesperadores. Ao final deles, todas as 217 pessoas a bordo do Boeing 767-300R estavam mortas.

Mesmo quando já se sabe como a história vai terminar, é desesperador ler a transcrição das vozes a partir do momento em que o piloto Habassy volta do banheiro e encontra a porta da cabine trancada.

“O que está acontecendo? O que está acontecendo?”, grita ele a certa altura, enquanto esmurra a porta.

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Dentro da cabine, o co-piloto repete onze vezes a frase: “Eu me entrego a Alá”.

Documentários e reconstituições reproduzem os dramáticos momentos finais – e também a obsessão das autoridades egípcias em negar que Gamal El Batoury, ex-oficial da Força Aérea com experiência nas duas guerras com Israel e um histórico de avanços abusivos sobre mulheres nos hotéis onde a tripulação se hospedava, havia intencionalmente derrubado o avião com todos os passageiros dentro, um tipo de loucura rara, embora evidentemente apavorante – há quatro casos registrados desde 2013.

Assim que começou a circular o impressionante vídeo em que o Boeing 737-800 da China Eastern Airlines cai verticalmente até se pulverizar num matagal da região de Wuzhou, no último 21 de março, especialistas em aviação e nos princípios básicos da aerodinâmica imediatamente concluíram: isso só podia ter acontecido por mão humana. Boatos da época mencionavam o copiloto.

A confirmação, através de uma fonte que falou ao Wall Street Journal, aparece num relatório, ainda não oficialmente divulgado, que conclui que alguém que estava na cabine ou conseguiu acesso a ela alterou os comandos do avião, provocando o acidente em que morreram 132 pessoas. Não houve nenhum tipo de comunicação com controladores de voo.

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O avião chinês caiu de 8 000 metros de altitude em um minuto e 35 segundos. Em circunstâncias assim, a aceleração e o deslocamento que transforma assentos em guilhotinas, fora os objetos soltos na cabine, antecipam a morte da maioria dos ocupantes. No rápido período da queda, houve um momento em que ela parece ter sido interrompida, mas em seguida a trajetória fatal é retomada.

Em 24 de março de 2015, o copiloto Andreas Lubitz assumiu as comunicações de um Airbus A320 da Germanwings, na rota Barcelona-Dusseldolf, no momento em que o piloto se ausentou da cabine. Imediatamente em seguida, ele apertou o botão de trancar a porta – uma triste inovação que os atentados de Onze de Setembro tornaram necessária – , diminuiu a velocidade de 900 para 700 quilômetros por hora e mudou a altitude programada de 13 mil metros para 33 metros. O avião desceu durante dez minutos, inicialmente sem que os passageiros se dessem conta, até cair em território francês, numa região dos Alpes.

Lubitz matou 149 inocentes que estavam nele.

A hipótese de que não dá para confiar nem em um piloto alemão ficou mais terrível ainda quando as investigações mostraram que Lubitz mostrava vários sinais de desequilíbrio mental e havia tido sua licença revogada temporariamente. Seu psiquiatra recomendou que parasse de voar, mas ele escondeu o conselho da empresa – e a privacidade alemã impediu que a coisa fosse adiante. Contando que seria cancelado na reavaliação médica, começou a planejar o suicídio e a morte dos inocentes confiados a ele.

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“Vou fazer uma coisa que vai mudar o sistema”, disse a uma ex-namorada meses antes da tragédia. “Todo mundo saberá meu nome. Vão se lembrar de mim”.

A hipótese de uma ação deliberada de alguém da tripulação continua a ser discutida até hoje no caso de um dos maiores mistérios da história da aviação, o desaparecimento do avião da Malaysia Airlines que fazia o voo 370 , de Kuala Lumpur a Pequim, em 8 de março de 2014, com todas as 239 pessoas que levava.

A rota bizarramente alterada e a falta de comunicação alimentam as especulações. As casas dos pilotos foram revistadas pela polícia que também vasculhou a vida financeira dos doze tripulantes. Autoridades americanas acreditam que o piloto Zaharie Ahmed Shah fez uma antecipação do voo alterado num simulador de voo que tinha em casa. Claro que o mistério do voo 370 foi comparado aos estranhos acontecimentos da série Lost.

No caso do avião egípcio, o piloto que havia ido ao banheiro acaba conseguindo entrar na cabine e faz tentativas desesperadas de salvar o avião. Ao contrário dos filmes-catástrofe com final feliz, já era tarde demais.

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Graças aos deuses da aviação, os comandantes de aviões comerciais costumam ser excepcionalmente confiáveis, amam o que fazem e se orgulham de transportar seus passageiros com segurança.

Amém.

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