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APURAÇÃO DAS ELEIÇÕES 2024

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À beira do vulcão: dólar encosta nos 600 pesos e Argentina prende o fôlego

Numa situação surreal, o ministro da Economia encarregado de segurar a explosão também é candidato à Presidência e “dia seguinte” assombra

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 13 Maio 2024, 22h56 - Publicado em 9 ago 2023, 06h33

Quando Mauricio Macri deixou a Casa Rosada, esmagado pela crise econômica e uma derrota de 14 pontos diante de um quase nada político, Alberto Fernández, o dólar no paralelo custava 60 pesos.

A coisa piorou muito com a eleição do quase nada. O ministro da Economia que havia escolhido para administrar a crise, Martín Guzmán, deixou o cargo no ano passado com o dólar a 239 pesos.

Ontem, chegou a passar dos 600 pesos. E ainda tinha espaço para subir. As eleições primárias desse domingo podem antecipar uma desvalorização maior ainda. Para lembrar: tem também a inflação firmemente plantada nos três dígitos, taxa de juro a 97%, o total esgotamento das reservas e mais de dez tipos de câmbio.

Em qualquer país normal, seria o suficiente para acabar com qualquer ministro da Economia. Como já sabemos que a Argentina não é um país normal, o ministro Sergio Massa desfila sua autoestima inabalável, fazendo campanha enquanto o país dança à beira de um vulcão em erupção.

A eleição de domingo é uma prévia para escolher os candidatos à Presidência e Massa, apesar de ter sido sagrado por Cristina Kirchner e sua ampla roda de seguidores, adotou um discurso mais esquerdista para não parecer um nome do “mercado” e fechar os espaços ao adversário, dentro da frente peronista, Juan Grabois.

O rival é um daqueles personagens espetaculares que a Argentina produz, um jovem de classe média, ex-hacker, que chama o papa pelo primeiro nome, intimidade da época em que Jorge Bergoglio ainda era arcebispo de Buenos Aires, e se projetou como defensor dos catadores de papelão. Até quem não gosta dele admite que é um caso raro de carreira nos “movimentos sociais” — aspas para alertar para a enganação — que não os usa para ter um cargo polpudo no governo.

As pesquisas são tão diferentes que até dá medo mencioná-las, mas Grabois aparece, em média, com 5% das intenções de voto. Massa, com escolha garantida, vai depender desses 5% quando chegar o primeiro turno, em 22 de outubro.

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Aliás, vai depender de tantas variáveis — inclusive quem é escolhido como principal nome da oposição, Horacio Rodríguez Larreta ou Patricia Bullrich — que as previsões implicam em altíssimo risco.

Hoje, 9 de agosto, é impossível cravar quem vai ser o próximo presidente da Argentina.

Massa pode ganhar impulso e até, teoricamente, uma parte do voto dos desiludidos convencidos que o anárquico Javier Milei é uma alternativa viável a um sistema que dá errado com quem quer que esteja no seu comando. A frente oposicionista, Juntos pela Mudança, também pode implodir — não sejamos tão exigentes a ponto de querer lógica da política argentina.

Uma das pesquisas mais recentes dá o seguinte resultado: 35% para a oposição do Juntos; 30% para Massa e 20% para Milei. O fato de que os oposicionistas tenham 55% do eleitorado pode não ser uma grande garantia de nada.

No curto prazo, são não apenas as primárias de domingo que dominam a agenda dos pré-candidatos, mas a reação que inevitavelmente acontecerá no dia seguinte. E se o dólar explodir? E se outro calote se tornar inevitável? E se houver as correrias que ainda estão na memória de muitos argentinos?

E como pode um candidato administrar tudo isso? O correto seria Massa já ter se afastado, tão logo foi nomeado candidato, do comando da economia — e, no geral, do país, considerando-se que Alberto Fernández não governa mais nada, exceto em propagandas oficiais, numa das quais aparece com seu cachorro, “lindo como sempre, meu melhor amigo”.

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Se é difícil dizer o que acontecerá na próxima segunda-feira, imaginem o cenário para o próximo presidente.

“Num momento de muita incerteza e de descalabro econômico, aqueles que olham a economia estão alarmados pela escassez de reservas do Banco Central”, escreveu Carlos Pagni no La Nación. Ele notou que movimentos quase desesperados, como utilizar pela segunda vez o mecanismo de swap na moeda chinesa, não passou pelo crivo do Fundo Monetário Internacional.

“Essa participação do yuan no comércio exterior e, eventualmente, nos pagamentos ao Fundo, coincide com uma estratégia monetária e geopolítica da China para enfrentar os Estados Unidos”, afirmou o analista.

Entenderam por que o governo de um certo vizinho está correndo tanto para não ter que “pensar toda noite no dólar” como moeda de troca? A China comanda o assédio ao dólar. Para a Argentina, a eventual substituição viria muito tarde.

Contar com a árvore de dinheiro, esgotando as reservas para manter a produção e o consumo, foi a opção do governo argentino. Pensem nisso também como modelo econômico. Os resultados estão aí para todos verem.

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