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Queda nos livros didáticos derruba mercado editorial em 2017: -2%

No período de 2015-2017 o subsetor de CTP (muito relacionado com o ensino superior) é aquele com pior desempenho, com uma queda real acumulada de 17%

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 2 Maio 2018, 18h57 - Publicado em 2 Maio 2018, 13h54

Em 2017, o mercado editorial brasileiro viu seu faturamento cair 1,95%, um decréscimo real de 4,76% considerando a inflação, em relação ao ano anterior. Os dados são da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro ano-base 2017, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). No ano, as editoras brasileiras produziram 393,3 milhões de exemplares, venderam 355 milhões de unidades e faturaram 5,17 bilhões de reais.

Os dados se referem apenas a livros físicos — os digitais têm sua própria pesquisa, o Censo do Livro Digital, apresentado pela primeira vez em agosto de 2017. A pesquisa dos livros digitais não será feita neste ano.

A queda no faturamento, segundo as instituições, é resultado do desempenho negativo de dois subsetores: o de didáticos, que apresentou decréscimo no faturamento total (mercado + governo) de 7,79% (em termos reais a queda é de 10,43%) e do desempenho do subsetor de CTP (Científicos, Técnicos e Profissionais) que, apesar de contabilizar um crescimento nominal de 1,51%, mais uma vez teve resultado negativo em termos reais (-1,39%).

No período de 2015-2017 o subsetor de CTP (muito relacionado com o ensino superior) é aquele com pior desempenho, com uma queda real acumulada de 17%. Por outro lado, os subsetores de Obras Gerais e Religiosos tiveram resultado positivo. Apresentaram crescimento nominal no faturamento total (mercado + governo) de 6,83% (3,77% real) e 4,61% (1,61% real), respectivamente. Em 2016, a queda real no faturamento foi de 5,2% — a série histórica divulgada na ocasião mostrava um encolhimento de 17,08% no mercado desde 2006.

A pesquisa indica que foram editados 48.880 títulos em 2017, dos quais 16.100 correspondem a lançamentos. O total de títulos (ISBN) teve queda de 5,67%.

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As biografias, por outro lado, tiveram um crescimento de 11,14% no número de exemplares vendidos em comparação ao ano passado, o que corresponde a 5,71 milhões de livros no total.

As livrarias seguem como principal canal de vendas das editoras ao mercado, com 118,09 milhões de exemplares vendidos, ou 53,11% do total comercializado. As livrarias exclusivamente virtuais (como a Amazon) têm participação de 2,91% do total – um crescimento de 17,77% em relação ao ano anterior.

As distribuidoras responderam por 35,75 milhões de livros (16,08% do mercado). O segmento porta-a-porta representou 7,94% do mercado, com 17,66 milhões de livros.

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Segundo o estudo, a venda em igrejas, templos, supermercados e escolas, e compras por empresas, também têm relevância.

O estudo ouviu 202 editoras do Brasil, sendo 187 emparelhadas ao ano anterior, o que representa 69% do setor editorial em faturamento. A Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro é uma estimativa da performance do setor elaborada a partir de dados dessa amostra de editoras.

Apresentação

A apresentação da pesquisa ocorreu nesta quarta-feira, 2, no Unibes Cultural, em São Paulo. “Essas são as informações mais completas do mercado editorial brasileiro”, disse o presidente do Snel, Marcos da Veiga Pereira. Sobre os resultados, ele admitiu que o setor esperava números mais positivos.

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“Mas depois do desastre de 2015 e 2016, quando o PIB também cai, 2017 representa uma mudança na tendência de queda”, afirmou.

O presidente da CBL, Luís Antônio Torelli, comparou a situação do setor editorial com a de outros setores. “Estamos na marca de um dígito (de queda), uma situação até que privilegiada”, comentou.

Sobre as vendas do setor ao governo, Pereira disse estar havendo uma conversa positiva das entidades com o Ministério da Educação e com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

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“O novo modelo do edital incorpora literatura ao programa de livro didático, o que é uma vantagem porque esse programa é recorrente, com foco no uso do livro, e o aluno tem posse, cria intimidade”, disse. “O diálogo com o FNDE e o MEC é muito positivo, inclusive para mudanças no edital.”

Em relação à decisão das entidades de não realizar um novo Censo do Livro Digital já neste ano, Pereira justificou-a dizendo que, dadas as restrições do tamanho do mercado, é possível esperar outros dois ou três anos para uma nova pesquisa.

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