Os destaques da Flip 2011

Como bem colocado pelo blog Todoprosa, um dos dois blogs de VEJA que cobrirão o evento, a 9ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) demonstra a maturidade do festival, que vem se consolidando como o maior encontro de literatura brasileiro e como modelo para eventos surgidos país afora – leia aqui a reportagem As crias da Flip. Ano a ano, sua programação mantém um nível bom, mas, dos 34 autores convidados de 2011, é possível destacar alguns nomes que merecem maior atenção. Confira abaixo:

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Antonio Candido
Um dos maiores críticos literários do país, criou uma escola de análise de textos a partir do tripé autor-obra-recepção e da relação texto-contexto, ou seja, a ligação de um livro com o cenário e a época em que foi escrito. Aos 92 anos, é um monumento da cultura nacional, e sua participação na Flip, em que dará o pontapé na noite desta quarta-feira, é um acerto da programação. Na palestra de abertura do evento, Candido falará do homenageado desta edição, o escritor modernista Oswald de Andrade. A homenagem ao autor do Manifesto Antropofágico foi um meio encontrado pela curadoria para se antecipar às comemorações dos 90 anos da Semana de 1922, marco do movimento modernista nacional.

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João Ubaldo Ribeiro
Principal nome da literatura brasileira nesta edição do evento, o baiano de Itaparica terá uma mesa só dele, na quinta, às 17h15. Com o escritor Rodrigo Lacerda como interlocutor e entrevistador, partirá de sua ilha natal para falar do Brasil e do romance brasileiro. “Alegorias da Ilha Brasil”, a mesa, deve falar de regionalismo, fronteira e historicidade. Uma curiosidade: esta é a segunda vez que João Ubaldo é convidado para a Flip. Na primeira, em 2004, declinou porque seu nome não aparecia nos materiais de divulgação do evento, e ele se sentiu desprestigiado com o fato. Leia aqui entrevista do escritor baiano a VEJA Meus Livros.

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Péter Esterházy
Herdeiro de uma linhagem aristocrática que remete ao século XII, o húngaro Péter Esterházy resgatará algumas de suas memórias familiares na mesa que divide com o francês Emmanuel Carrère, na sexta, às 15h. Memórias que podem servir de pauta à sua ficção, mas que não o impedem, apesar de toda a tradição que carregam, de inovar da linguagem do romance. Seu último livro lançado no país, Os Verbos Auxiliares do Coração (Cosac Naify), que chegou às lojas na última quinta, 30 de junho, é prova disso. Página por página, a obra é perpassada por um diálogo interno do narrador, representado de um lado por um texto normal, feito de maiúsculas e minúsculas, e, de outro, por frases em caixa alta. Na última delas, por exemplo, a primeira mancha de texto diz, “Fim”, e a segunda, “UM DIA VOU ESCREVER ISSO TUDO COM MAIS PRECISÃO”.

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Emmanuel Carrère
Um dos nomes mais destacados da literatura francesa hoje, Carrère dividirá, na mesa que compartilhará com Péter Esterházy, suas experiências na ficção autobiográfica. Logo após o encontro, Carrère lança logo o livro Outras Vidas que Não a Minha (Alfaguara, 224 páginas, 36,90 reais) e relança, em um único volume, os romances O Bigode e A Colônia de Férias (Alfaguara, 264 páginas, 39,90 reais). O novo livro reúne duas histórias tiradas da realidade. São histórias catastróficas e que se complementam, as duas tendo Carrère como testemunha: na primeira, uma menina francesa, que viajava com os pais, morre no tsunami que atingiu o Sri Lanka há sete anos. Na segunda, ele acompanha a agonia de uma juíza, mãe de dois filhos, vítima de câncer.

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valter hugo mãe
O nome do autor é grafado aqui como um trecho de seus livros: em letras minúsculas. O tamanho das letras, contudo, não representa a estatura de mãe, um dos autores mais pulsantes da literatura portuguesa atual. Natural de Angola, valter hugo mãe mora em Portugal e é fã de literatura brasileira. Parece vir dessa mistura um português próprio, nem angolano nem lusitano nem brasileiro, que por vezes remete a Guimarães Rosa e que é capaz de seduzir e levar o leitor a virar as páginas de seus livros. O último lançado por aqui, Máquina de Fazer Espanhóis, sobre um velho que aos 84 anos se torna viúvo e é deixado pelos filhos em um asilo, funciona como retrato da triste situação portuguesa hoje dentro da União Europeia – entre outras metáforas. Dividirá a mesa Pontos de Fuga com a argentina Pola Oloixarac, na sexta, às 12h.

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James Ellroy
Para muitos o principal convidado internacional desta edição, o americano James Ellroy, autointitulado o melhor romancista policial da atualidade, ocupará a mesa mais nobre da Flip, a que acontece na noite de sábado, a partir das 19h30. Ali, com mediação de Arthur Dapieve, falará da gênese de seus romances, que misturam a história e o submundo dos Estados Unidos, sem separação clara do que é real ou fictício. E que têm início em vivências do autor, filho de uma prostituta assassinada de maneira misteriosa quando ele era criança. Prostituição, crime organizado e atmosfera noir são elementos ativos nos livros do autor, como Dália Negra e Los Angeles, Cidade Proibida, que deram origem aos filmes de mesmo nome.

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David Byrne
O músico britânico vem ao Brasil falar de seu livro Diários de Bicicleta e de sua militância ecológico-urbanística. Byrne defende a adoção da bicicleta como meio de transporte, maneira de aliviar o tráfego, reduzir a poluição e, segundo conta o músico em seu livro, aumentar a sociabilidade de tímidos como ele, que se valem de uma magrela para penetrar no cotidiano das cidades. Na mesa Tour dos Trópicos, marcada para as 11h45 de domingo, não deverão faltar menções à sua carreira, desde o início à frente do grupo Talking Heads, ao cinema e às artes plásticas, áreas de interesse de Byrne.

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Joe Sacco
Desde que se impôs como gênero literário, as histórias em quadrinhos têm lugar cativo na Flip. Criador do jornalismo em quadrinhos, Sacco, o autor de Palestina e Notas de Gaza, é o grande representante das HQs nesta edição do evento, que no ano passado viu o convite ao icônico Robert Crumb se converter num fiasco de apresentação. Não à toa, reinará sozinho na mesa A História em HQ, no sábado, às 12h, com mediação de Alexandre Agabiti Fernandez.

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