Meire Kusumoto
Depois de Mônica, que alcançou os 50 anos em março de 2013, chegou a vez de outra personagem de Mauricio de Sousa comemorar meio século de existência. Magali, a amiga gulosa da dentuça, apareceu pela primeira vez em uma tirinha em 11 de janeiro de 1964 e ganhou uma revista exclusiva em fevereiro de 1989. Alegre e calma, diferente da melhor amiga briguenta, a personagem acaba de ganhar um livro comemorativo, Magali 50 Anos (Panini, 160 páginas, 62 reais), que é um prato cheio para os fãs da comilona.
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No volume, estão reunidas histórias marcantes e curiosidades sobre a Magali, personagem inspirada na terceira filha de Mauricio de Sousa. Em sua primeira tirinha, em que aparece feita de traços mais primários e em preto e branco, Magali diz a Mônica que ela deveria ser mais feminina e deixar de surrar os meninos da vizinhança. Apesar da doçura que prega, a personagem mostra sua força ao “protestar” contra o fato de ainda não ter uma revista própria, 25 anos depois de sua criação, em janeiro de 1989. Na época, ela havia sido deixada para trás por Mônica, Cebolinha, Cascão e Chico Bento, todos com títulos exclusivos.
Na história, ela pede a ajuda dos leitores para conseguir seu objetivo e sugere que eles endossem um abaixo-assinado disponível nas páginas da revista. “Aí, vamos mandar para o Maurício. Tenho certeza que, vendo o nominho de todos lá, ele não vai recusar o pedido”, diz a menina. Mas, para deixar claro que leva o protesto a sério, ela declara greve de fome até que seu desejo seja atendido, algo até então impensável para a personagem.
Para o alívio da comilona e a alegria de seus fãs, o pedido foi aceito no mês seguinte. Mauricio de Sousa também deve ter ficado satisfeito, já que a revista se tornou um sucesso no mundo das histórias em quadrinhos. A edição número cinco do título de Magali, de junho de 1989, ultrapassou em 500.000 exemplares o número de vendas da edição daquele mês da revista da Mônica. A marca foi celebrada na edição número seis com uma capa que mostrava a dentuça sentada na grama com hematomas, enquanto Magali olhava assustada, como se tivesse “surrado” a amiga.
O livro também traz a história em que a garota adota um gato branco que encontra na rua, sujo e faminto. Na edição número 3 de sua revista, Magali promove um concurso cultural para escolher o nome do gatinho, batizado mais tarde de Mingau graças à colaboração de uma leitora, presenteada com um gato de verdade.
Mas, como não poderia deixar de ser, a maior parte das situações mostradas na coletânea trata da relação especial que existe entre Magali e a comida. Na história que abre o volume, publicada originalmente na década de 1970, a personagem aparece ao lado de sua fruta favorita, a melancia, que é transformada em uma nave espacial que traz alienígenas à Terra — os caroços. Em outra, Magali conhece Dona Cota, sua avó por parte de pai, e descobre que há um motivo para sua comilança: é de família.