Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

VEJA Meus Livros

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Um presente para quem ama os livros, e não sai da internet.
Continua após publicidade

Dilma Rousseff foi vítima de machismo, diz historiadora britânica em livro

Mary Beard, especialista em Antiguidade Clássica de Cambridge, inclui brasileira no rol das políticas deslegitimadas por analogia com Medusa

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 17h06 - Publicado em 29 Maio 2018, 13h35

Há muitas formas de desqualificar o discurso feminino e silenciá-lo. Desde a Antiguidade Clássica, como mostra a historiadora britânica Mary Beard no recém-lançado Mulheres e Poder – Um Manifesto (Crítica), mulheres são comparadas a animais de raciocínio reduzido, assumem traços andróginos e se veem confinadas, por homens, ao espaço privado. Criado com a contribuição de diferentes movimentos e ativistas ao longo de anos, o glossário feminista ajuda a identificar táticas recorrentes de depreciação, ao nomeá-las. Lá estão termos como gaslighting (quando se tenta transformar a mulher que fala em louca), derivado do filme À Meia Luz (Gaslight, 1944), slutshaming (quando uma mulher é rebaixada como “vadia”), manterrupting (quando sua fala é interrompida a todo tempo) e mansplaining (quando um homem se põe a explicar um assunto que a mulher com quem fala domina mais que ele). Na política, há ainda outra estratégia recidiva, com raízes na mitologia grega: a analogia que se faz entre representantes femininas e a górgona Medusa, aquela da cabeleira de serpentes.

A brasileira Dilma Rousseff, diz Mary Beard no novo livro, foi vítima desse tipo de ataque. A ex-presidente é citada ao lado de nomes importantes da política mundial, como Angela Merkel, Hillary Clinton e Theresa May – todas em algum momento, por jornalistas, eleitores ou rivais políticos, comparadas com a horrenda figura que transformava gente em pedra apenas com o olhar.

medusa
Na disputa pela presidência dos EUA, Hillary Clinton foi metamorfoseada em Medusa e Donald Trump, em Perseu, o herói grego que lhe corta a cabeça (//Reprodução)
medusa2
A chanceler alemã Angela Merkel também já foi colocada lado a lado com Medusa (//Reprodução)

O caso de Dilma, Mary Beard exemplifica com a foto feita da petista diante do quadro Medusa Murtola, na abertura de uma mostra do italiano Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610), em 2012. A imagem pautou diversos veículos e rodou a internet.

Continua após a publicidade

“Em 2017, uma caricatura que circulou na conferência do Partido Trabalhista representava uma imagem da ‘Maydusa’, com cobras e tudo. Mas a sra. May se saiu bem, se comparada a Dilma Rousseff, cuja sorte foi bem pior quando era presidente do Brasil e precisou inaugurar uma exposição de Caravaggio. A Medusa, é claro, lá estava, e Rousseff, de pé na frente do quadro, revelou-se uma irresistível oportunidade de foto”, escreve a scholar de Cambridge.

Mary Beard talvez não tenha conhecimento, mas esta não foi a primeira vez que Dilma foi relacionada a Medusa – nem a última, uma rápida pesquisa no Google traz outros cruzamentos. Em 2010, o perfil fake Dilma Medusa foi criado no Twitter para bater na então presidente, com posts ofensivos que se pretendem escritos pela petista, como “Não mudei a cara, não tenho duas, porque se tivesse outra, com certeza não usaria essa. #DilmaNão #VIXE”.

Continua após a publicidade

O que poucos sabem é que Medusa foi, ela própria uma vítima do machismo. Das muitas versões do mito, uma das mais difundidas é a de que Medusa, então uma bela garota, foi violentada por Poseidon em um templo de Atena, “que prontamente a transformou, como punição ao sacrilégio (atentem que a punição foi a ela), numa criatura monstruosa com o poder mortal de fazer virar pedra quem quer que olhasse para seu rosto”. Foi a Atena que Perseu entregou, como presente, a cabeça de Medusa, depois de cortá-la, em um ato considerado heroico.

medusa5
Uma das “brincadeirinhas” que demonizam a britânica Thereza May ao transformá-la em Medusa — com direito a trocadilho: “Maydusa” (//Reprodução)
Continua após a publicidade
medusa4
Uma das “brincadeirinhas” que demonizam a britânica Thereza May ao transformá-la em Medusa — com direito a trocadilho: “Maydusa” (//Reprodução)
medusa6
Uma das “brincadeirinhas” que demonizam a britânica Thereza May ao transformá-la em Medusa — com direito a trocadilho: “Maydusa” (//Reprodução)
medusa3
Uma das “brincadeirinhas” que demonizam a britânica Thereza May ao transformá-la em Medusa — com direito a trocadilho: “Maydusa” (//Reprodução)
Continua após a publicidade

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.