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A verdade por trás de manchetes falsas que se espalham pela internet. Editado por João Pedroso de Campos.
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Foto de policial negro em ato racista nos EUA foi feita em julho

Postagens no Twitter afirmam que imagem do policial Darius Nash em manifestação supremacista branca foi clicada em Charlottesville no último sábado

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 dez 2017, 20h35 - Publicado em 14 ago 2017, 17h42
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  • Depois da manifestação de supremacistas brancos que deixou uma pessoa morta e 33 feridas no último sábado, na cidade de Charlottesville, nos Estados Unidos, alguns internautas americanos passaram a compartilhar uma foto que mostra um policial negro fazendo a segurança de um ato de neonazistas e membros do grupo racista Klu Klux Klan.

    Publicadas, sobretudo, no Twitter, as postagens afirmam que a imagem foi registrada no sábado em Charlottesville e ressaltam a força de seu significado: um policial negro atuando para garantir o direito à manifestação e à liberdade de expressão, previsto pela 1ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos, mesmo àqueles que, lamentavelmente, fazem do racismo uma bandeira.

    Um dos tuítes mais compartilhados, reproduzido abaixo, foi replicado por pelo menos 131.000 pessoas na rede social e curtido por outras 257.000. “Bandeiras confederadas, saudações nazistas, e membros da Klu Klux Klan tendo seus direitos protegidos por um policial negro. Essa imagem machuca”, diz o texto.

    tuíte
    (Reprodução/Twitter)

    Tuiteiros brasileiros também passaram à frente a ideia de que a imagem foi feita no último sábado em Charlottesville:

    twitter brasil 1
    (Reprodução/Twitter)
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    twitter brasil 2
    (Reprodução/Twitter)

    Embora não seja uma montagem e, de fato, tenha sido clicada em Charlottesville, a foto não foi feita no último sábado, mas em um ato dos supremacistas brancos na cidade no dia 8 de julho.

    Naquele dia, apesar da tensão entre os racistas e os manifestantes que os repudiavam, não houve feridos ou mortos nas proximidades do parque que abriga a estátua do general Robert Lee, um dos líderes do movimento que lutou para manter a escravidão nos EUA, no século XIX, e foi derrotado na Guerra Civil americana. A decisão de remover o monumento é alvo dos grupos racistas e ultranacionalistas na cidade.

    O site BuzzFeed encontrou duas publicações no Facebook feitas por moradores de Charlottesville na ocasião. Ambas exaltam a postura do policial, cujo nome é Darius Ricco Nash, durante o protesto.

    Em um dos textos, publicado na rede social no dia 9 de julho, um homem chamado Keven Quillon, que diz ser tio da mulher de Nash, afirma estar orgulhoso da atitude dele. Além de rechaçar o ato racista, Quillon reclamou também dos militantes pelos direitos dos negros que, diz ele, teriam hostilizado o policial por integrar a segurança da manifestação dos supremacistas brancos (veja abaixo o post e, a seguir, sua tradução):

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    facebook
    (Reprodução/Facebook)

    “Este é o marido da minha sobrinha, Darius Ricco Nash. Ele é um dos nossos heróis vivos neste país. Tenho vergonha de que você pode ter visto nas notícias ontem que houve um ato da KKK na minha cidade, Charlottesville, Virginia. Tudo por causa da remoção da estátua do confederado Robert E. Lee. Estou feliz em dizer que o marido da minha sobrinha não se machucou servindo e protegendo a cidade de Charlottesville ontem… mas não estou feliz em saber que ele não apenas tinha que ficar ali durante o dia todo ontem e ouvir comentários cheios de ódio de membros da KKK, mas que também teve que ouvir ainda mais ódio e nojo do público que estava ali protestando contra o ato. Membros do movimento Black Lives Matter… Esses homens e mulheres que são policiais não estão ali para proteger os manifestantes da KKK… eles estão ali no meio para proteger você… eles estão ali no meio para manter a paz, para que não haja caos e tumulto. Ele arrisca a vida dele todos os dias. Eu não entendo como pessoas podem repreendê-lo e dizer “vai se f…” e “f… a polícia”? Nós todos deveríamos estar agradecendo a ele. Ele tem uma família. Ele é minha família. O dia de ontem me fez mal, mas saber que a maioria das pessoas protestando do outro lado foram as mais desrespeitosas… é nojento. Eu estou muito orgulhoso de você, Darius. Mantenha sua cabeça erguida, você está fazendo um bom trabalho e é um bom homem!”

    A outra postagem no Facebook foi publicada no dia 10 de julho por uma mulher chamada Kimberly Payne Hawk, moradora de Charlottesville que também elogia Nash (veja abaixo o post e, a seguir, sua tradução):

    facebook 2
    (Reprodução/Facebook)
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    “Essa foto é poderosa. Este é o policial Nash, de Charlottesville, servindo nossa comunidade e protegendo o direito da KKK mesmo que as pessoas que ele está protegendo o odeiem por causa de sua raça. O policial Nash é um herói para mim. Eu não consigo imaginar o profissionalismo e autocontrole necessários para estar calmo e fazer seu trabalho enquanto lida com a KKK e pessoas fazendo saudações nazistas”.  

    Como mostram os dois textos, portanto, a imagem de um policial negro integrando a segurança de um ato de supremacistas brancos em Charlottesville, nos Estados Unidos, não foi feita neste sábado, quando um homem avançou com um carro sobre manifestantes e matou uma ativista de 32 anos. A foto foi registrada na cidade no dia 8 de julho, durante um protesto de grupos racistas que terminou sem mortos ou feridos.

    Charlottesville, no estado americano de Virginia, tem sido palco deste lamentável tipo de manifestação porque há por lá um debate sobre a remoção de uma estátua do general Robert Lee, um dos líderes do movimento que lutou pela manutenção da escravidão nos Estados Unidos, abrigada em um parque da cidade.

     

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