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A verdade por trás de manchetes falsas que se espalham pela internet. Editado por João Pedroso de Campos.
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‘Delação bomba’ não diz que Lulinha embolsou R$ 317 milhões

Depoimento que baseia notícia falsa não existe. Valor citado aparece em laudo da PF sobre empresa do filho de Lula e se refere a período entre 2005 e 2016

Por Da Redação
9 ago 2018, 18h29

A informação de que uma “delação bomba” revelou que Lulinha – Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – embolsou 317 milhões de reais voltou a circular nas redes sociais depois da confirmação da candidatura de Lula à Presidência na convenção do PT, em 4 de agosto.

O projeto Comprova, do qual VEJA faz parte, verificou que a delação a que o título se refere não existe, sequer é mencionada no texto, e que, portanto, a informação é falsa. A publicação acusa o filho de Lula de ter recebido sozinho o que, na verdade, é o montante de toda a receita da Gamecorp, empresa do qual é sócio, num período de 11 anos.

A informação que agora viralizou foi publicada na tarde de 4 de agosto no blog News Atual e outros sites replicaram a notícia. Versões desse mesmo texto circulam desde 2016.

A “delação bomba” que aparece no título não é citada no texto porque não existe. Uma reportagem de junho de 2016, do portal G1, ajudou a esclarecer em que contexto houve uma citação a Lulinha e à Gamecorp em uma delação. O caso foi citado por Roberto Trombeta, um contador ligado à montadora Caoa, em um acordo de colaboração premiada, firmado em abril daquele ano.

Segundo o G1, Trombeta afirmou que fez pagamentos de 300.000 reais do Grupo Caoa à Gamecorp. Ele teve sua colaboração colocada em sigilo de Justiça, após descumprir sua parte do acordo. A informação foi confirmada pelo Comprova junto ao Ministério Público Federal do Paraná (MPF). O executivo foi condenado em maio de 2018 no âmbito da Operação Lava Jato. Já o grupo Caoa é alvo da Operação Acrônimo, braço da Zelotes, que também investiga Lula.

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Na sequência, a notícia falsa publicada pelo News Atual menciona um laudo técnico da Polícia Federal, que revela que a Gamecorp faturou mais de 317 milhões de reais entre 2005 e 2016. Esse laudo realmente existe e a equipe do Comprova teve acesso a ele.

O documento da PF analisou 12 contas bancárias da Gamecorp. O valor de 317 milhões de reais corresponde ao total de dinheiro que entrou nestas contas entre 07/01/2005 e 16/02/2016. As saídas de dinheiro das contas, no mesmo período, foram de 321 milhões de reais. O laudo não apresenta conclusões sobre possíveis irregularidades cometidas nas movimentações financeiras da empresa.

O laudo faz parte de um dos inquéritos derivados da Operação Aletheia, a 24ª fase da Operação Lava Jato, que mirou Lula em 2016. A empresa e Lulinha foram alvo de mandados de busca e apreensão nesta operação, mas eles não constam como réus em nenhum dos processos da Lava Jato na primeira instância.

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As demais informações citadas no texto também foram retiradas de contexto e são colagens de diversas notícias publicadas sobre a Operação Lava Jato, já que as outras empresas também são citadas na investigação. O laudo da PF, mencionado como fonte, só se refere à movimentação financeira da Gamecorp.

Além disso, a PF também elaborou um laudo pericial em relação ao patrimônio de Fábio Luís Lula da Silva, ao qual a equipe do Comprova também teve acesso. No período entre 2004 e 2014, Lulinha teve cerca de 5,2 milhões de reais de rendimentos brutos – aproximadamente 3,8 milhões de reais oriundos da distribuição de lucros da empresa G4 Entretenimento e Tecnologia, também de sua propriedade. A conclusão da perícia é de que a evolução patrimonial foi compatível com as sobras financeiras e que não havia irregularidades nas movimentações.

Comprova Lulinha
(Reprodução/Reprodução)
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A checagem de fatos publicada acima foi feita dentro do projeto Comprova, lançado para combater notícias falsas nas eleições, e envolveu VEJA, o portal UOL e os jornais Correio do Povo e Gazeta do Povo. Outros cinco veículos que integram a iniciativa concordaram com o processo e a conclusão da apuração: Poder360, O Estado de S. Paulo, Gazeta Online, O Povo e GaúchaZH. O Comprova é composto por 24 veículos de comunicação brasileiros. 

O leitor pode sugerir ao projeto boatos e notícias falsas a serem desmentidos, por meio do WhatsApp, no número (11) 97795-0022. O Me Engana que Eu Posto também recebe sugestões pelo aplicativo de mensagens, no número (11) 9 9967-9374.

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