Trump x Maduro: terremoto político e militar pode afetar todo o continente
Ou... o pior momento das Américas em décadas

A escalada de tensões entre Donald Trump e Nicolás Maduro empurra a América do Sul para um cenário de instabilidade sem precedentes nos últimos anos. Por ordem do presidente dos Estados Unidos, aproximadamente 4 mil soldados e três navios de guerra com mísseis guiados foram deslocados para o Caribe, cercando a Venezuela sob o argumento de combater o narcotráfico.
Washington acusa Maduro de chefiar o Cartel de los Soles e recentemente dobrou a recompensa por sua captura para US$ 50 milhões. A Casa Branca foi além: classificou o ditador venezuelano como “narcoterrorista” e prometeu usar “toda a força” contra o regime chavista.
Do outro lado, Maduro reagiu como sempre faz: convocou 4,5 milhões de milicianos chavistas e declarou que defenderá “mares, céus e terras” diante daquilo que chamou de “ameaça bizarra de um império em declínio”
O que está em curso, no entanto, é mais do que retórica. Trump assinou uma diretriz secreta que autoriza o Pentágono a usar força militar contra cartéis na América Latina, criando base legal para ações diretas em solo estrangeiro. Essa medida aumenta o risco de que a crise extrapole os limites do jogo de pressões e entre em rota de colisão concreta.
É verdade que o regime de Maduro acumula denúncias de fraude eleitoral, tortura e violações de direitos humanos. Mas isso não diminui a gravidade da opção militar de Trump, que parece também mirar na política doméstica: em baixa nas pesquisas, o republicano resgata a velha fórmula da “guerra externa” para reforçar sua imagem.
A comparação histórica é inevitável. O continente não via um momento tão dramático desde os anos 2000, quando George W. Bush e Hugo Chávez transformaram a relação EUA–Venezuela em um palco permanente de tensão.
Hoje, porém, o risco é maior: de um lado, um chavismo radicalizado; do outro, um trumpismo disposto a usar porta-aviões, submarinos e contratorpedeiros para provar força.
No meio desse tabuleiro, o Brasil também aparece, ainda que de forma lateral. Aeronaves militares americanas pousaram em território nacional nos últimos dias, sem explicação clara. Pode ter sido um problema técnico, mas o episódio ocorre justamente quando as tensões entre Washington e Caracas estão no auge. Em vez de neutralidade, o gesto acabou criando ruído adicional em um cenário já carregado.
Não se trata apenas de ameaça de guerra, mas de um ambiente de instabilidade crescente que fragiliza a região. Se a confrontação direta se concretizar, não será um embate isolado entre Washington e Caracas. Será um terremoto político e militar em todo o continente.