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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog

Temer faz uma importante sinalização para Lula

Ex-presidente deixa no ar a possibilidade de mudar apoio em 2022

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 jul 2022, 11h58 - Publicado em 22 jul 2022, 10h15

Em meio às dúvidas que pairam dentro do MDB sobre lançar a candidatura de Simone Tebet à Presidência da República ou abrir mão de ter um candidato próprio para declarar apoio a Lula, Michel Temer vem fazendo sinalizações ao ex-presidente e ao PT.

No sinal mais recente, Temer disse, em entrevista ao Uol divulgada nesta quinta, 21, que a ex-presidente Dilma Rousseff é “honestíssima”, mas sofreu o impeachment por sua dificuldade de relacionamento com o povo e com o Congresso.

“Não houve golpe. Eu quero dizer que a ex-presidente é honesta. Eu sei, e pude acompanhar, que não há nada que possa apodá-la de corrupta. Ela é honestíssima. Mas houve problemas políticos. Ela teve dificuldades no relacionamento com a sociedade e com o Congresso Nacional. Esse conjunto de fatores levou multidões às ruas”, disse Temer.

Apesar do afago na ex-presidente, Temer enfatiza que não tem como apoiar Lula porque o petista defende a revogação da reforma trabalhista.

“O ex-presidente Lula fala em todo momento em ‘golpe’, que a reforma trabalhista foi coisa de escravocrata, que o teto de gastos prejudicou o país. Então, como eu vou dizer que eu vou apoiar alguém que quer destruir um legado positivo para o nosso país”, destacou.

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Quem conhece Michel Temer sabe a estratégia usada por ele: mostrar que estaria disposto a apoiar Lula caso o discurso do petista mudasse já sabendo que não haverá mudança. Dessa forma, no futuro, caso Lula ganhe as eleições, Temer pode dizer que tentou manifestar apoio, mas que o outro lado não colaborou.

Antes disso, a primeira sinalização aconteceu na terça, 19, quando Temer atendeu ao pedido de emedebistas que se reuniram com Lula no início da semana e defendeu o adiamento da convenção marcada para 27 de julho para oficializar Simone Tebet como candidata do MDB à Presidência.

Temer tentou, mas não conseguiu. O objetivo era ganhar tempo para construir mais apoios à candidatura de Lula dentro do MDB. Líderes do partido de 11 estados se encontraram com o petista e colocaram pressão sobre a candidatura de Tebet.

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Com exclusividade à coluna, a senadora demonstrou incômodo com a reunião.

Apesar do pedido de Temer, tanto Simone como Baleia Rossi, presidente nacional do MDB, fizeram questão de confirmar a convenção no dia 27 de julho e postaram em suas redes sociais fotos da senadora logo após assinar o consentimento para ser a candidata do partido.

Ao que tudo indica, a convenção vai acontecer no dia 27, mas Simone já começa sua campanha sabendo que não tem o apoio integral de seu partido. Um dos grandes caciques do MDB, Renan Calheiros, é contra a candidatura própria e usou o exemplo de Henrique Meirelles em 2018 para justificar sua posição. Naquele ano, Henrique terminou as eleições com 1,20% dos votos, um desempenho fraquíssimo e que custou ao MDB uma redução em sua bancada tanto na Câmara como no Senado.

Com medo de que Simone também tenha um desempenho ruim, líderes do MDB tentam convencer seus companheiros de que apoiar Lula é uma atitude mais segura politicamente. O adiamento da convenção daria tempo para que essa movimentação acontecesse, mas Tebet deve conseguir cravar sua candidatura apesar das forças contrárias dentro de casa.

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