
Tarcísio de Freitas pode ser o favorito a herdar o espólio político do inelegível Jair Bolsonaro, mas precisará de duas estratégias fundamentais (além, claro, da benção do ex-chefe): ir muito bem à frente do estado mais populoso do Brasil enquanto impõe uma forte presença (e agenda) nacional.
É um jogo complexo que o governador de São Paulo ainda não conseguiu fazer. Não está nem perto disso.
Ademais, o líder (condenado) da extrema-direita tem outras peças que pode usar no xadrez, o mesmo jogo que não poderá entrar por estar com os direitos políticos cassados.
Nenhum dos filhos – Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro – tem a força eleitoral do pai, ainda que herdem naturalmente o apoio do ex-presidente. Mesmo que não assumam imediatamente esse vácuo político, eles serão essenciais nos próximos passos do bolsonarismo.
Enquanto outros dois governadores de direita – Romeu Zema, em Minas Gerais, e Ratinho Júnior, no Paraná – correm por fora (ou estão no banco de reservas), a questão latente é como se posiciona Michelle Bolsonaro nessa acirrada disputa.
A ex-primeira-dama não tem experiência política (o que já foi superado por outros candidatos no passado) e ainda divide a família. Flávio dá algum apoio a ela. Carlos a detesta. Eduardo, a trata com distância.
E Jair?
Esse é machista demais para ver a mulher ascender, mas pragmático demais para descartá-la tão cedo – logo ela que pode se tornar a peça de salvação.
Com a histórica decisão do Tribunal Superior Eleitoral no dia de hoje, o que se percebe é que a campanha de 2026 já começou e está a todo vapor para a direita. Ao contrário do que se pode dizer sobre a esquerda…