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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Por que Trump condenado e favorito mostra o que vem pela frente no Brasil

Em artigo enviado à coluna, o cientista político Rodrigo Vicente Silva detalha o porquê de o trumpismo continuar conectado ao bolsonarismo

Por Rodrigo Vicente Silva
2 jun 2024, 17h14
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  • Former US President and Republican presidential candidate Donald Trump speaks during a press conference after being found guilty over hush-money charges at Trump Tower in New York City on May 31, 2024. Former US president Donald Trump railed against his criminal conviction on Friday, calling his New York trial "very unfair" and attacking the process as politicized. (Photo by ANGELA WEISS / AFP)
    Donald Trump, ex-presidente dos EUA e candidato republicano às eleições do país, faz declaração na Trump Tower, em Nova York, após ser considerado culpado de falsificar registros de negócios. 31/05/2024 - (Angela Weiss/AFP)

    O ex-presidente Donald Trump foi condenado em 34 processos na última semana. Saiu do tribunal como quem gostaria de matar seus algozes, mas no fundo sabia e sabe muito bem que está forte e é franco favorito, mesmo com o cenário se mostrando caótico a sua volta. Parece surreal, mas é isso mesmo. E se a máxima de que o que acontece lá primeiro se repete aqui depois, Trump vitorioso nas eleições americanas deste ano pode mostrar o que vem pela frente com Bolsonaro igualmente condenado e mais forte do que nunca no páreo para 2026. E se Bolsonaro está para Trump, não é muito difícil de dizer que Lula está para Biden. O cenário parece de terra arrasada para uma visão mais progressista do mundo.

    Em um primeiro momento, o leitor pode se perguntar como que Trump condenado poderá concorrer? A regra americana pode ser controversa para quem olha pela perspectiva brasileira que passou a ter a controversa lei da ficha limpa em 2011 – controvérsia é a opinião deste autor, mas que careceria de um debate amplo, impossível de fazer neste texto.

    Ao contrário daqui, os Estados Unidos não criaram barreiras para impedir que alguém condenado possa concorrer ou mesmo assumir em caso de vitória. Imagine que Trump totalmente de laranja – a maior das ironias do destino – possa assumir a Casa Branca, mesmo à distância. Não é isso que acontecerá. Ao que se sabe até aqui são poucos os precedentes para alguém de 77 anos como Trump, pelos crimes que foi imputado, ir para a cadeia. Não irá e em breve saberemos qual a pena que terá de cumprir. A questão é que tudo isso pouco importa.

    Vale ressaltar que a democracia mais antiga do mundo, que nasceu de uma guerra e de um arranjo contra a dominação inglesa nunca passou por uma ditadura e os pais fundadores certamente não imaginavam que alguém condenado ou envolto em processos conturbados pudesse estar no páreo ou ser o favorito a ocupar a presidência. Não contavam, por óbvio, com a última década e com a guinada à extrema direita que varreu o mundo em tempos cuja esperança no futuro é quase nula.

    E se há algo que por aqui tem sido da mesma forma é a falta de esperança no futuro. O governo Lula não parece decolar, embora tenha tentado inúmeros jeitos e formas de se destacar, ao passo que o bolsonarismo continua a se mostrar forte e com diversos candidatos no páreo. Mesmo não tendo condições de alguém condenado concorrer à presidência, não significa que Bolsonaro não emplacará seu candidato, que de moderado, obviamente, pouco terá.

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    E é aqui que as diferenças entre os países deixam de ser o que mais importa. Se lá o impedimento condenatório não é empecilho para Trump, e os Estados Unidos possam ter uma candidato ou um presidente amplamente condenado; aqui, sabemos que só terá condições e forças de enfrentar o lulismo quem estiver nos braços de Bolsonaro. Se este candidato será Michele, alguns dos filhos do ex-presidente, Zema, Tarcísio ou Caiado, provavelmente pouco importará. De casa ou da cadeia, Bolsonaro dará suas cartas e mexerá o tabuleiro a seu gosto. De estrategista, Bolsonaro tem muito pouco, mas aprendeu nos últimos anos a utilizar seu capital político. Sabe o peso que tem. Se não será em liberdade, será de algum outro lugar que tentará fazer um fantoche para si.

    E para quem duvida do tratoraço que possa ser tudo isso, eu faço uma única lembrança. Em 2018, no auge da desgraça pela qual passava o PT, com Lula preso e derrotas que se acumulavam de todos os lados, Haddad foi ao segundo turno e obteve mais de 42% dos votos. O que não fará Bolsonaro na oposição, com lastro social e ainda por cima com Trump na presidência americana.

    E Lula e Bidem onde ficam diante de tudo isso? Olhando o mundo à moda analógica, claro. E Trump? Está, vejam só, no TikTok, a rede que ele tentou de todos os jeitos barrar. E Bolsonaro continuará nas redes da mesma forma com suas múltiplas fake news, estas que os deputados brasileiros negaram combater na última semana. É desolador.

    * Rodrigo Vicente Silva é mestre e doutorando em Ciência Política (UFPR-PR). Cursou História (PUC-PR) e Jornalismo (Cásper Líbero). É editor-adjunto da Revista de Sociologia e Política. Está vinculado ao grupo de pesquisa Representação e Legitimidade Democrática (INCT-ReDem). Contribui semanalmente com a coluna

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