Javier Milei, o candidato da extrema-direita argentina à presidência não saiu, nem de longe, derrotado no primeiro turno das eleições, como tem sido definido majoritariamente.
Ao contrário.
Se perguntássemos há dois anos, ninguém – rigorosamente ninguém – apostaria nele para a posição do candidato que ainda pode derrotar o tradicional peronismo.
É um sucesso chegar ao ponto em que Milei chegou. O partido que ele ajudou a criar em 2021 fez 35 deputados e oito senadores, o que mais cresceu no Legislativo.
Óbvio que, como ele era apontado como o líder de votos em oito de cada dez pesquisas, a segunda colocação traz um desânimo, especialmente para a estrutura da campanha.
Neste domingo, 22, Milei rosnou como de costume, mas não tinha o apelo que obteve à medida que alguns institutos apontavam até uma vitória no primeiro turno.
Ocorre que agora é que “são elas”: uma nova eleição começa.
Sergio Massa saiu vitorioso, o primeiro colocado, animou a militância peronista, mas tem um enorme desafio daqui em diante.
Não adianta falar em fazer um governo de coalizão se o que está à frente é a eterna incapacidade dos peronistas de se unirem à direita democrática argentina.
Enquanto Massa recebeu 36% dos votos no primeiro turno, Milei obteve 30%. Patricia Bullrich, da direita tradicional de Maurício Macri, alcançou mais de 24%, ficando fora da disputa, mas já sinalizou que não deve apoiar Sergio Massa, o peronista.
“O populismo empobreceu o país e não sou eu quem vai felicitar o regresso ao poder de alguém que fez parte do pior governo da história Argentina”, disse Patricia Bullrich.
O Brasil de 2018 viveu exatamente esse o enredo: a direita tradicional e a centro-direita apoiaram Bolsonaro, assumindo o risco de um extremista no poder, porque não queriam a esquerda.
Ou seja – apertem os cintos, leitores – a Argentina hoje é um país com uma eleição em aberto. Aliás, totalmente em aberto.