A nova escala de esfriamento das relações diplomáticas da Venezuela com o Brasil é um degrau que deve ser comemorado por parte da esquerda brasileira e com muito afinco pelo governo Lula.
Não digo o PT porque a legenda resolveu fechar os olhos mais uma vez para o horror do regime chavista, que fraudou mais um processo eleitoral e persegue opositores e jornalistas, muitos com o uso abominável da tortura.
É que nesta quarta-feira, 30, o governo ditatorial de Nicolás Maduro convocou para consultas o embaixador do país no Brasil, Manuel Vadell, no mais novo capítulo do estremecimento diplomático entre os dois países.
O presidente Lula, com razão, tem pedido os registros eleitorais que comprovariam a vitória nas eleição presidencial de julho, declarada país, mas que boa parte do mundo sabe ser mentira.
A ideia do Palácio do Planalto e do Itamaraty, segundo apurou a coluna, é não aumentar estresse neste momento, dando sinais diplomáticos semelhantes, mas também não retroceder no posicionamento sobre a absurda declaração de vitória de Maduro sem provas.
Faz bem! Muito bem.
Lula e Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República que pode ser considerado persona non grata na Venezuela, tem agido corretamente não só ao exigir comprovações mas ao bloquear a entrada do país nos Brics.
Até politicamente é bom para Lula e o seu terceiro governo. Internamente e externamente. Mas o mais importante não é isso. É ser finalmente coerente sobre o velho discurso da esquerda de que os valores democráticos são inegociáveis.