Dono da Paraná Pesquisas, instituto que mais se aproximou do resultado oficial do primeiro e do segundo turno das eleições de 2022, Murilo Hidalgo acredita que o perfil do eleitor brasileiro está mudando. De acordo com ele, as pautas de costumes estão pesando mais do que as frustrações econômicas na hora da escolha do eleitor.
“O que a gente percebe nas pesquisas qualitativas e quantitativas é que o bolso está pesando menos. Por exemplo, eu sou a favor ou contra o aborto, eu sou a favor ou contra a liberação das drogas. A pauta de costumes, a liberdade das pessoas, o jeito de pensar. Eu sou a favor de mais cotas para negros, menos cotas para negros, sou a favor ou não das armas”, explicou Murilo Hidalgo.
Segundo o dona da Paraná Pesquisas, “esse é o principal motivo pelo qual Lula e Bolsonaro não saem da cabeça das pessoas”. “Lula e Bolsonaro representam isso hoje. Eles representam as pessoas nessas bandeiras. Isso passou a ser a coisa mais importante. Então isso passou a ter mais importância do que a própria economia”.
Um dos mais propagados conhecimentos do marketing político na história das campanhas eleitorais traz um raciocínio exatamente no sentido oposto.
“É a economia, estúpido!” – a frase de James Carville, estrategista de Bill Clinton, em 1992 – marcou uma das mais importantes eleições norte-americanas e revelou o que de fato era determinante na hora do voto.
“No Brasil, mesmo em um país desigual, isso perdeu força. Infelizmente, está ficando ultrapassado. Vale mais essas bandeiras. Por isso, insisto que os dois [Lula e Bolsonaro] não saem da cabeça das pessoas e os outros demais candidatos não conseguem representar as pessoas. Os dois já estão ocupando esse espaço, são craques nisso”, afirma Murilo Hidalgo.