Pedro Collor. Roberto Jefferson. Luis Miranda?
Quem é o desconhecido que tenta derrubar o Governo Bolsonaro
O governo de Jair Bolsonaro está correndo riscos. O depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF) à CPI da Covid no Senado abalou as estruturas da gestão que prega ser isenta de corrupção.
O que causa estranheza em toda essa história, no entanto, é o destaque dado a Miranda, até então um político sem grande visibilidade e cujo histórico não justifica toda a credibilidade que está recebendo.
Quando comparado com outros personagens que incomodaram governos anteriores, Luis Miranda é como um desconhecido que surgiu com uma bomba e conseguiu os ouvidos de que precisava para tentar derrubar Bolsonaro.
Em 1992, por exemplo, o impeachment do presidente Fernando Collor começou com denúncias de Pedro Collor, seu irmão. A posição familiar de Pedro deu a ele credibilidade para falar sobre um esquema de tráfico de influências que estaria acontecendo dentro do governo.
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Num outro caso mais recente, em 2005, o então deputado Roberto Jefferson denunciou o esquema que ficou conhecido como Mensalão e manchou a imagem do PT e do governo Lula. Na época, Jefferson era presidente do PTB e tinha grande influência no meio político. Essa posição deu a ele também a credibilidade para falar sobre o caso.
Os dois personagens citados aqui tinham posições importantes e, por isso, tiveram suas declarações validadas por quem ouviu e deu prosseguimento às investigações. Luiz Miranda não se encaixa nesse padrão.
Embora seu irmão seja servidor do Ministério da Saúde, órgão primordial no combate à pandemia, as palavras de Miranda parecem ter sido recebidas com um peso maior do que deveriam.
As declarações do deputado, inclusive, motivaram a apresentação de uma notícia-crime contra Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal.
Sim, as acusações de Luiz Miranda são graves e devem ser apuradas, mesmo não tendo a relação familiar de um Pedro Collor ou o comando partidário de um Roberto Jefferson. Miranda era bem próximo de Bolsonaro, a ponto de ser recebido por ele em pleno sábado, no Alvorada. E levou com ele, ao contrário de outros, documentos confirmando as suspeitas que tinha.
Para a maioria do país ele pode ser um desconhecido que surgiu com a bomba nas mãos, mas para Bolsonaro era bem conhecido.