O campo progressista precisará fazer muito mais do que tem feito para ganhar a prefeitura de São Paulo, a cidade mais rica do país. A relevância política de ter o prefeito de São Paulo é aumentar a capacidade de influenciar a eleição nacional em 2026, uma vez que o gestor estará à frente de um eleitorado relevante para a definição do próximo presidente da República.
A derrota no primeiro turno de Pablo Marçal (PRTB) – principal e mais lamentável revelação da campanha deste ano — mostra que o candidato ainda é um vento passageiro e não uma tendência que irá ombrear com o bolsonarismo. A predominância dos políticos cuja plataforma tem base no conservadorismo e no moralismo, no entanto, essa sim é uma tendência cada vez mais consolidada.
O candidato do campo progressista, Guilherme Boulos (PSOL), ainda não capturou integralmente o apoio dos eleitores de Lula, que teve a maior parte dos votos paulistanos em 2022. Além disso, Boulos tem alta rejeição do eleitorado local. Essa incapacidade de converter o apoio de Lula em votos demonstra a dificuldade que a esquerda terá para virar o jogo.
Outra preocupação para Boulos é a incapacidade de também trazer para si os votos que foram dados a Tábata Amaral (PSB), que declarou apoio a ele. Muitos eleitores de Tábata já indicam preferência por Ricardo Nunes (MDB), que busca se reeleger como representante do campo conservador.
Uma das vantagens de Nunes, inclusive, é o mesmo ponto de dificuldade de Boulos: obter o apoio de eleitores que votaram em adversários no primeiro turno. Mais de 80% dos eleitores de Marçal redirecionaram o voto, segundo as pesquisas, para Nunes – mesmo sem o apoio do ex-coach.
Em suma: com poucos indecisos e pouco tempo de campanha pela frente, Boulos tem cada vez menos chance de virar o jogo.