Quanto mais se encontram suspeitas de crimes cometidos por Anderson Torres e Silvinei Vasques, mais se confirma a gravidade da conspiração bolsonarista contra a democracia brasileira.
É preciso lembrar que, durante as eleições de 2022, um deles – Silvinei Vasques, então diretor da Polícia Rodoviária Federal – era subordinado ao outro – Anderson Torres, então ministro da Justiça.
Investigadores da Polícia Federal trabalham com essa informação para fechar o quebra-cabeça sobre quem está envolvido na série lamentável de eventos que começaram no segundo turno do pleito presidencial e culminaram com a destruição da sede dos Três Poderes, neste ano.
Uma delas foi revelada pela coluna nesta quarta, 9: organogramas encontrados em celulares de agentes rodoviários sobre locais de votações onde Lula obteve vitórias esmagadoras no primeiro turno.
Os dados serviriam como base para montar barreiras de trânsito no segundo turno, interferindo na movimentação de eleitores, sobretudo nas cidades do Nordeste.
Ocorre que já se sabe que Anderson Torres e Silvinei Vasques trabalharam juntos em vários momentos. E isso vai fechando o cerco contra Jair Bolsonaro, chefe dos dois e principal interessado nos atos cometidos por eles.
É necessário, obviamente, provar a conexão das suspeitas contra eles e ordens do ex-presidente, mas a cada dia a investigação avança mais, deixando pouco espaço a dúvidas.
Avança, inclusive, em pontos importantes que complicam a situação jurídica do ex-diretor da PRF e do ex-ministro da Justiça. Dá para dizer com as investigações, por exemplo, que os dois mentiram à CPI do 8 de janeiro.
O que Anderson Torres chamou de “aberração jurídica” nesta terça, 8, é a minuta do golpe que dava poderes para Bolsonaro instaurar o estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral, subvertendo o resultado das eleições.
Segundo o ex-ministro da Justiça, o texto não foi para o lixo por mero descuido. Mas estava guardado a sete chaves no armário, junto com fotos da família e em pasta timbrada.
O que Silvinei Vasques contou à CPI em junho também caiu por terra.
O ex-diretor da PRF (hoje preso) afirmou que não houve mais operações da polícia rodoviária no Nordeste no dia da eleição. O próprio órgão comprovou estatisticamente o contrário, expondo as falácias de Silvinei.