Maior adepto das fakenews de todos os políticos brasileiros, Jair Bolsonaro manteve sua sanha nesta quarta-feira, 23, de mentir sem que o seu rosto fique nem ruborizado. Tudo bem que político é assim mesmo. Mas o atual presidente parece viver na mentira.
Em Quixadá, no interior do Ceará, Jair Bolsonaro afirmou que “são três anos e três meses sem qualquer denúncia de corrupção em nossos ministérios”. Isso, em meio à escandalosa cobrança de propina por pastores aliados dele no ministério da Educação.
Quem acompanha Brasília há mais tempo sabe que os evangélicos volta e meia estampam as paginas policiais. A CPI dos sanguessugas, por exemplo, provou, em 2006, que a bancada recebeu 58% do total da propina repassada a parlamentares pela máfia das ambulâncias,
Desta vez, é diferente. E pior.
Pastores evangélicos sem cargos públicos negociam transferência de recursos do MEC, cobrando propina e até ouro para a liberação de recursos federais em obras como creches, escolas, quadras ou apenas para compra de equipamentos de tecnologia.
O áudio revelado por Paulo Saldaña, da Folha, torna o escândalo ainda mais grave porque o ministro Milton Ribeiro afirma priorizar, a pedido de Jair Bolsonaro, a liberação de verbas para prefeituras negociada por esses dois pastores, Gilmar Santos e Arilton Moura
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, diz o ministro na conversa gravada que chocou o país – especialmente pela desfaçatez de um líder religioso falando de outros dois líderes religiosos e do mandatário máximo do país.
Mas, Bolsonaro mantém a cantilena falaciosa de que “não há escândalo de corrupção” na sua gestão do governo federal, que começou em 2019.
Durante a eleição de 2018, o presidente repetiu o versículo João 8:32 exaustivamente em sua campanha – era todo o dia nas redes sociais, em entrevistas, lives, discursos e verborragias: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”.
Tenho a impressão que é o único versículo que o presidente decorou. Não importa agora.
O importante é que, no governo Bolsonaro, o presidente da República mente descaradamente e pastor cobra até ouro para liberar verba do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o FNDE.
É esperar que o povo brasileiro, conhecendo a verdade, dê uma lição para Bolsonaro e para líderes evangélicos: “o ímpio acerta o suborno em secreto, para perverter as veredas da justiça”.
Que as urnas de 2022 façam justiça.