
Flávio Dino andou por um caminho tortuoso para vencer a disputa pela vaga no Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte do país.
Inicialmente cotadíssimo para o posto, Dino foi vítima de quase tudo no percorrer do processo que lhe deu a poderosa cadeira no STF: azar, campanha dos rivais, fogo amigo e até traição de aliados.
Nada disso, contudo, o colocou fora disputa, mas o ministro da Justiça chegou a deixar de ser o favorito para a vaga nas últimas semanas, até que Lula repensou sua escolha e bateu martelo.
A coluna acompanhou de perto toda a dificuldade que se avizinhou de Dino à medida que Rosa Weber ia se aproximando aposentadoria, no segundo semestre deste ano.
Depois que a ministra deixou a corte, a temperatura subiu ainda mais, atrapalhando sua “campanha” para a toga mais cobiçada da República.
Flávio Dino enfrentou o agravamento da crise de segurança no Rio de Janeiro, polêmicas com a agenda em sua pasta no governo, resistências dentro do PT e até de aliados maranhenses, que não o queriam fora da política.
Em parte da cúpula do Partido dos Trabalhadores, por exemplo, há agora um misto de decepção e irritação com o fato de Jorge Messias, chefe da AGU e filiado à legenda, ter perdido a disputa.
É sempre bom lembrar que, mesmo com o histórico na esquerda brasileira, Dino passou muitos anos no PCdoB até que recentemente compôs os quadros do PSB, de Geraldo Alckmin.
Aliás, o vice-presidente acabou sendo peça importante na escolha de Lula, que o ouviu para tomar a decisão. Segundo a coluna apurou, Alckmin concordou que Dino era o melhor nome para este momento.
Outro fator que atrapalhou a caminhada de Dino foi a questão da gênero e da diversidade que Lula encampou como bandeira de campanha, mas não na hora de escolher um nome para o STF.
Em determinado momento, a pressão sobre o presidente fez com que ele pedisse uma lista de nomes de mulheres juristas (com a Indicacao de Dino, serão 10 ministros homens e apenas uma mulher no STF).
Mas, foi pensando pragmaticamente – especialmente no que diz respeito à decepções passadas com indicações nos seus primeiros dois mandatos – que Lula escolheu aquele que acredita poder confiar sem surpresas nos anos que virão.
Até porque, Dino pode ser visto como um político, mas tem forte formação jurídica. É tudo o que se pode querer no Supremo. Ainda mais na visão de um presidente como Lula.