
Que Lula precisa ampliar sua governabilidade, todos concordamos, mas é necessário saber exatamente quem e “onde” colocar ao ceder às investidas do Centrão.
O primeiro grande acerto já foi comentado na coluna, agora é preciso blindar os ministérios estratégicos do governo.
O presidente começou bem ao enfatizar que não entregará as pastas do Desenvolvimento Social e da Saúde para o grupo político.
A primeira porque é responsável pela gestão do Bolsa Família, programa social mais importante da história do PT, e do Brasil. A segunda, porque tem um dos maiores orçamentos da esplanada.
Mas há outras a serem preservadas com o Partido dos Trabalhadores e a esquerda. E eu explico por que isso é tão importante politicamente, e possível neste momento do governo.
Lula ainda não gastou todo capital político conquistado na eleição. Sua popularidade continua em patamares altos. Vem conquistando a aprovação do mercado financeiro com a melhora da economia e a aprovação de reformas, em apenas seis meses de governo.
Um presidente só entrega ministérios desse porte quando está enfraquecido, e esse não é o caso. Nas “condições normais de temperatura e pressão” essas pastas são utilizadas para conquistar votos, ou seja, influenciar eleições. 2024 e 2026 já estão logo ali.
Por enquanto, Lula ainda consegue se sustentar mais em seu prestígio político do que em alianças partidárias.
Arthur Lira, presidente da câmara, sabe disso. Tanto que tem emprestado sua força no plenário (leia-se: muitos votos) para aprovações de pautas governistas.
A questão é: Lula ficará mais ou menos dependente de Lira após a reforma ministerial? Isso será assunto para outra coluna…
Por enquanto, o presidente não está nem de longe na fase de entregar seus anéis para salvar os dedos.