As desventuras da cúpula das Forças Armadas, como as diferentes conspirações contra a República, escancaram problemas que, há muito, o Brasil evita enfrentar: a gastança, a ineficiência e a falta de objetivo do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
Para 2025, a previsão é que a Defesa receba R$ 133 bilhões dos cofres públicos para bancar os militares. Cerca de 80% desse dinheiro será gasto com pessoal – salários, pensões e aposentadorias.
O pouco que sobra, acaba financiando um mundo de privilégios para os militares, que desfrutam, por exemplo, de escolas e hospitais de ponta. Da adolescência até a vida adulta, quem opta por engrossar as fileiras militares tem acesso a capacitações, tecnologias e assistências indisponíveis para a população civil.
Agora, pela primeira vez após a redemocratização, estamos vendo a geração de oficiais atingir a marca dos 50 e dos 60 anos de idade. O resultado parece insatisfatório, uma vez que o lote inclui pazuellos, cids e braga netos.
O Brasil tem torrado, ano após ano, bilhões e bilhões de reais para formar oficiais que, ao fim e ao cabo, acreditam que um vermífugo poderia combater o coronavírus e que as ideias golpistas de Jair Bolsonaro são corretas.
Por outro lado, nenhum cidadão em sã consciência avalia que as forças brasileiras conseguiriam fazer frente a uma ameaça armada relevante vinda do exterior – diga-se EUA, China ou Rússia.
O melhor seria, finalmente, levar a sério a proposta ensaiada na década de 1990, no governo FHC, de reduzir ao mínimo necessário o tamanho das Forças Armadas, mantendo um pessoal de altíssimo nível e ultra especializado, capaz de fazer bom uso das tecnologias de ponta, como a inteligência artificial para cibersegurança e de promover inovações e inventar novas tecnologias. Trata-se de um nível de excelência muito distante do atual cenário dos militares brasileiros. Para chegar lá, o primeiro passo é cortar a mamata do dinheiro mal gasto.