O novo bode expiatório de Bolsonaro e Michelle
Casal revela, nas entrelinhas, que usará a mesma estratégia de defesa em duas das principais investigações que os envolvem
![Brazil's President Jair Bolsonaro gestures next to his wife Michelle Bolsonaro during the launching of his re-election campaign for the upcoming national elections in October, in Juiz de Fora, Minas Gerais state, Brazil, on August 16, 2022. - Bolsonaro, 67, launched his campaign with a rally in Juiz de Fora, the small southeastern city where an attacker stabbed and nearly killed him during his 2018 campaign. The attack cemented Bolsonaro in the minds of die-hard supporters as "The Myth" -- a hero swooping in to rough up the political establishment and speak his mind with tough-talking clarity. (Photo by MAURO PIMENTEL / AFP)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/08/000_32GM26J.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
Em entrevista exclusiva concedida à VEJA, Michelle Bolsonaro comentou as recentes investigações nas quais ela e Jair são alvos, como a fraude no cartão de vacina e o caso das joias da Arábia Saudita.
A ex-primeira dama deixa escapar, contudo, que o novo bode expiatório do casal se chama Bento Albuquerque, o almirante que foi ministro das Minas e Energia.
Ao ser questionada sobre as joias, avaliadas em mais de 16 milhões, Michelle afirma que houve uma falha de comunicação entre as assessorias de Bento e presidencial. E que ambos – ela e Jair Bolsonaro – só ficaram sabendo da situação entre novembro e dezembro de 2022.
“Tentaram me responsabilizar por um presente que eu não pedi, que eu não tive ciência da entrada no Brasil. O erro aconteceu no fato de a assessoria do Ministério de Minas e Energia não ter comunicado a minha assessoria, já que era um presente endereçado à primeira-dama. […] Se a assessoria do ex-ministro Bento tivesse entrado em contato, com certeza a gente iria verificar os trâmites legais para ficar com o presente ou colocar no acervo da Presidência”, afirmou a ex-primeira dama.
A versão não é muito crível porque a presidência foi usada várias vezes para tentar reaver as joias. Mas o que fica claro na entrevista é que Bento Albuquerque será utilizado da mesma forma que Mauro Cid tem sido.
Ambos foram citados em declarações públicas de Michelle e Jair como aqueles que podem ter cometidos “erros” em nome deles.
Como citado pela coluna, a estratégia de defesa é ousada e arriscada, pois depende da cumplicidade de Mauro Cid – e agora de Albuquerque – em meio a um momento em que as investigações se aprofundam perigosamente.
Na mesma entrevista, o ex-presidente afirmou que possui um carinho especial e paterno pelo seu “faz tudo”. Isso, enquanto Mauro Cid ficava em silêncio na Polícia Federal, após recorrer a um advogado especializado em delação premiada para cuidar de sua defesa.
No caso de Bento Albuquerque, a estratégia é ainda mais complicada. O questionamento que deve ser feito é se o ex-ministro estaria disposto a manchar sua alta patente de Almirante para defender o casal das acusações.
Jair e Michelle optaram pela mesma linha de defesa. Resta saber se os militares os seguirão.