Depois que a invasão russa na Ucrânia já havia começado e o mundo estava em choque com a violência de Vladimir Putin – sem contar as consequências políticas e econômicas dele iniciar a guerra – o presidente Jair Bolsonaro encaminhou mensagens no WhatsApp elogiando a Rússia.
“Só existem a Rússia, a China e a Liga Árabe capazes de enfrentar a NOM (Nova Ordem Mundial). O Brasil está no radar da NOM e de toda a esquerda. Três ministros do STF e a mídia brasileira (via fraude eleitoral) estão prontos a entregá-lo pela metade do preço que o presidente da Ucrânia entregou seu país”, afirmava o texto encaminhado pelo presidente, segundo Lauro Jardim, de O Globo.
Que Bolsonaro espalha ideias estapafúrdias em grupos de WhatsApp, além de referendar as mais bizarras teorias de conspiração, o país já sabia. Mas esse texto, ainda que apócrifo, mostra o quanto o presidente trafega num mundo paralelo, muito longe da realidade.
O esquisito é que o texto não guarda relação nem com o que ele pensa, até recentemente criticava sempre que podia a China. Agora a China, ao lado da Rússia e da Liga Árabe é que podem nos salvar desse monstro chamado NOM onde estão Estados Unidos e Europa.
Já é constrangedor ver o Brasil no pior lado de uma guerra suja, com um presidente titubeante e capaz de dizer que é solidário à Rússia, mas isso se agrava quando o planeta vivencia uma crise que envolve a pandemia, bombardeios e uma severa crise econômica internacional.
O texto encaminhado pelo presidente traz ideias que ele mesmo, desavergonhadamente, já disse, em alto e bom som, como as injustas críticas contra ministros do Supremo Tribunal Federal. Mas não fica por aí. Piora. Leiam o próximo trecho.
“Os mesmos que desejam que o presidente brasileiro tome uma posição firme no conflito Rússia x Ucrânia, são aqueles que desejam tomar de nós a Amazônia”.
Bolsonaro delira enquanto o país pede socorro diante de problemas reais e concretos.