Um movimento iniciado após o homem-bomba do PL atacar o Supremo Tribunal Federal ganhou força na extrema-direita nesta terça, 19, após a Polícia Federal prender militares de alta patente que planejaram um golpe de estado e o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.
É o chamado “movimento de divórcio com os radicais”.
A extrema-direita brasileira fica atirando a esmo – para usar um termo que eles gostam – em busca de desvincular-se, por exemplo, do homem-bomba e agora, de última hora, do general, do tenente-coronel e da dupla de majores golpistas.
Jair Bolsonaro, o líder da extrema-direita no país, já havia tentado não ser Jair Bolsonaro recentemente. Não convenceu.
Começou a semana passada publicando um artigo na Folha de S.Paulo cujo título era “aceitem a democracia” no qual dá lição de moral sobre o estado democrático de direito. Depois, após o homem-bomba do seu partido surgir das trevas, pediu a pacificação nacional.
Parece até que Bolsonaro não foi a pessoa que estimulou, durante todo o seu governo – com o poder de presidente, com a visibilidade de um presidente – a desobediência à constituição, o conflito institucional, inclusive tendo o Supremo como principal alvo.
Não darei exemplos como o discurso em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília, ou na Avenida Paulista, em São Paulo, com todos os palavrões que conhecemos, porque isso já faz parte da história recente do Brasil.
O ex-presidente parece querer tentar se descolar dele mesmo, como se fossemos todos idiotas. Um divórcio de Bolsonaro com Bolsonaro é uma impossível separação.
Mas outros líderes da direita brasileira fizeram o mesmo. Ronaldo Caiado, governador de Goiás, culpou Lula pelo atentado contra o STF. Faz algum sentido pra você, leitor? Romeu Zema, governador de Minas Gerais, disse que o ato não pode parar “o movimento de anistia” para os golpistas do 8 de Janeiro.
Não só pode como deve.
Nesta terça, 19, contudo, após a PF prender mais golpistas dentro das Forças Armadas que queriam matar Lula, Alckmin e Moraes, a direita e extrema-direita já começaram a tentar se afastar deles. Aguardem, será algo semelhante ao que fizeram com o homem-bomba do PL, mas… não vai colar.