O governo Bolsonaro é especialista em afogar-se em poça de água. Do nada, apareceu uma briga entre o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o ministro ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. E, do nada, ela também desapareceu. Mas não sem antes uma forte repercussão do novo embate.
Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, saíram em defesa de Ramos. Os filhos do presidente defendem Salles.
Mas por que eles brigaram? Salles tem sido um mau ministro cujo o custo dos erros tem sido enfrentado pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o agronegócio exportador, que passam o tempo todo querendo provar que o Brasil protege sim a sua floresta.
Já Luiz Eduardo Ramos, apesar de nomeado, nunca foi vocacionado para a articulação política e claramente está sendo engolido em sua tarefa pelo experiente ministro das Comunicações, Fábio Faria, que vem de quatro mandatos consecutivos como deputado.
Se nenhum dos dois – Salles e Ramos – faz bem a sua tarefa, o melhor seria que ambos perdessem a briga. Mas o que está em jogo é a dinâmica estranha do governo Bolsonaro. De repente, a gestão entra em combustão ou porque essa entidade, “os filhos”, não gostou de alguma coisa, ou porque a outra entidade extraterritorial, “o Olavo”, também não gostou de algo.
No caso desta briga entre Salles e Ramos, ela surgiu quando já havia o desconforto na ala militar do governo com a forma como o general Eduardo Pazuello foi tratado na semana passada. Isso, no episódio da vacina chinesa, e a possibilidade da compra do imunizante pelo Ministério da Saúde. Ou seja, agora o desconforto aumentou.
Há ainda a explicação mais plausível: eles criam conflitos para desviar a atenção de outros problemas mais urgentes. Ou criam situações de estresse para poder manter agitados os apoiadores radiciais. De toda forma, é assim que o governo anda. Ou não anda.