Na celebração dos cem dias do seu terceiro mandato presidencial, Lula teceu seus maiores elogios ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O presidente alegou que era necessário elogiar toda a pasta econômica “porque em se tratando de economia e política tributária, não existe 100% de solidariedade”.
O petista ainda completou afirmando que foi convencido por Padilha, ministro das Relações Institucionais, a não responder um artigo que difamou seu companheiro de longa data com acusações sobre a qualidade do seu trabalho e a alegação de que “a compreensão da sociedade sobre o trabalho feito vale mais”, assim como a certeza de que o projeto do arcabouço fiscal será aprovado, com sucesso bons frutos através da nova política.
Quem viu, viu!
Todos os holofotes voltaram-se para Haddad nas últimas semanas, enquanto a proposta para substituir o teto de gastos sofre resistência até mesmo dentro do próprio PT.
O apoio público de Lula neste momento fundamental para definir o sucesso (ou não) do seu governo não é em vão. Há um fato no mínimo curioso sobre a ser observado: este não é o primeiro FH a ocupar a ministério da Fazenda em uma conjuntura tão complexa.
Em 1992, na recém inaugurada democracia brasileira, o ex-presidente Itamar Franco também confiou a um Fernando Henrique a maior missão do seu governo, o combate à super inflação que na época estava em 1.119,10%.
O maior terror das famílias brasileiras e da economia do país também foi solucionado com uma proposta ousada, o Plano Real.
Implementado em três etapas, a solução encontrada por FH estabilizou a economia e a inflação, que saiu de 2.477% em 1993 e encerrou em 22% no ano de 1995.
Foi assim que o professor e sociólogo conquistou o eleitorado e assumiu o cargo de chefe do executivo no Brasil durante dois mandatos.
Apesar de ter estado descontrolada no governo Bolsonaro, o terror do nosso tempo não é mais a inflação.
Com a dívida pública brasileira na casa dos trilhões, um déficit primário em mais de R$ 230 bilhões, acompanhadas de uma das maiores taxas de juros do mundo, em 13,75%, Fernando Haddad, o novo FH, enfrenta seu grande desafio político.
Ao mesmo tempo, lhe dá a maior oportunidade de cravar o nome (definitivamente) na história do país.
Se o FH de Lula, com o seu projeto do arcabouço fiscal, conseguir superar este grande desafio, estabilizando a dívida pública e zerando o déficit – como prometido -, a história se repetirá.
Um novo professor terá construído uma candidatura incontestável, transformando-se em um presidenciável com grande apelo no cenário político nacional.