Foi só chegar ao segundo turno com uma votação surpreendente – apesar de ser em segundo lugar – que Jair Bolsonaro resolveu ameaçar a democracia brasileira mais uma vez. Agora piorou – na forma, e no conteúdo – a cartilha que segue desde que assumiu a presidência em 2019.
Ele não mais ofende o Supremo Tribunal Federal e seus ministros.
Jair Bolsonaro avançou duas quadras e mostra que quer ferir a Constituição, seguindo o marco número zero do modelo de todo autocrata: mudar a composição da corte constitucional.
Se esperam do mandatário um golpe com canhões e baionetas, estão muito enganados. Aliás, o líder da extrema-direita devolveu várias vezes com uma pergunta quando questionado se tentará algo inconstitucional: “Como vou dar o golpe se já sou o presidente?”.
À VEJA, Bolsonaro mesmo indicou como fará ao ser perguntado sobre seus planos de aumentar o número de vagas no STF num eventual novo governo: “já chegou essa proposta para mim e eu falei que só discuto depois das eleições”.
Neste domingo, 9, ele reiterou a um canal no Youtube: “Se eu for reeleito e o Supremo baixar um pouco a temperatura, talvez descarte essa sugestão [de aumentar o número de ministros do Supremo]. Se não for possível descartar, você vê como é que fica”.
A sociedade brasileira precisa reagir. As instituições também.
Isso não pode ser olhado com vista grossa, ainda mais quando vem de um presidente da República.
Basta pensar como o país estaria se Lula, o outro candidato à presidência neste segundo turno, tivesse dado essas duas declarações acima.
Com certeza, esse seria o principal debate nesta segunda, 10, faltando apenas 20 dias para a reabertura das urnas.